PROFISSÕES EM RELEITURA

Prof. Antônio de Oliveira

O Pequeno Príncipe questiona o trabalho repetitivo, realizado rotineiramente pelo acendedor de lampiões. Jorge de Lima imortalizou a figura do acendedor de lampiões num soneto do qual destaco este terceto:

“Triste ironia atroz o senso humano irrita.

Ele que doira a noite e ilumina a cidade,

Talvez não tenha luz na choupana em que habita.”

Pois não é que continua irritando? Naquela época, muitos brasileiros não tinham acesso à luz acesa pelo acendedor de lampião, um ícone do passado. Hoje, sequer um lampião para acender, tampouco luz elétrica no barraco em que habitam. Urge revitalizar essa profissão em acendedor de esperança e solidariedade.

Linda. Uma das mais lindas composições poéticas em português: “Chão de Estrelas”. Orestes Barbosa imagina sem trinco a porta do barraco, a Lua furando o zinco, as estrelas salpicando o chão. Admitamos: o trágico pode ser belo, sem saber “que faz a ventura desta vida”: na poesia, no romance, na pintura, na escultura... Torres gêmeas se transformaram em monumento.

Muitos já estão alardeando o fim da profissão de jornaleiro, uma vez que o jornal poderá se transformar inteiramente num produto eletrônico, on-line. “Já estou distante do hábito de receber jornal impresso”, disse-me uma adepta do jornal virtual. Outra, por sua vez, disse “sentir saudade do jornal impresso”. Condenados à extinção ou em vias de transformação: acendedor de lampiões, leiteiro, carteiro, entregador de pão, alfaiate... Mas ainda vale celebrar o jornaleiro, no seu dia. E em letras de fôrma, como no jornal... Como também o Dia da Secretária, 30 de setembro.

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 13/01/2022
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