DIÁRIO DE UM RETIRANTE 🌵
Deitado eternamente em berço esplêndido, mão direita no peito.
A hipocrisia rotulada na letra de Duque-Estrada, as milhões de gerações em suas cantorias animalescas e eu aqui contradizente com a realidade que presencio.
Toda a vida em movimento...
Os “patrões do senado” em seu confortante assento politicamente correto e eu na marcha de retirada. O forçar da migração e o abandonar de terras queridas. O semblante choroso dos “invisíveis” pela sociedade em busca de uma oportunidade de vida. A seca, a fome, a miséria... ah essa sim está grafada em meu psicológico. O apelo desesperador daqueles que lutam por um lugar neste país tão desigual.
Panorama desolador...
O solo árido da paisagem, a vegetação tirou férias a longa prazo, o rachar de meus pés pela falta de calçados que suportem o meu vagar. A “mãe gentil” seleciona seus filhos e os que não se enquadram, são largados no “breu”. O quebrantar de meu emocional em ver Severina desfalecida em meus braços raquíticos e meus olhos já fatigados pela dureza da vida, choram pela falta do pão.
Pisado, injustiçado, massacrado...
Um pranto intenso, um medo crítico. O penhor dessa desigualdade levou a minha base, o meu sustento. Sou filho da dor, humilhante pela própria natureza, o que a bandeira tem de bonita, tem de complexa. Desordem e progresso é o brado retratante dessa nação.