Vivência nas entrelinhas

Grande parte de nossas vidas acaba sendo corriqueira e isso é natural em um mundo onde quase tudo é volúvel. Nesse sentido, observa-se que pouco se reflete acerca de uma vida realmente vivida, além de escrúpulos e percalços que surgem.

"Mas vamos vivendo nossos belos dias, sem percebê-los; só quando chegam os ruins é que os desejamos de volta. Milhares de horas serenas e agradáveis deixamos passar por nós, sem fluí-las e mostrando má vontade, para depois, em tempos sombrios, dirigirmos em vão o nosso anelo para elas".

Assim, o filósofo Arthur Schopenhauer trata a visão da vida enquanto bem precioso, o qual muitas vezes não é valorado adequadamente devido às suas inconstâncias.

O ponto de maior riqueza desta constatação não se refere diretamente à vida em si, mas sim ao sujeito que a vive, pois não há sujeito mais tolo que o ser humano.

E isso se deve ao fato de que as pessoas constantemente buscam mais do que precisam, fingem ações e sentimentos muito além do racional, transgridem preceitos de forma extremamente antiética e incessantemente cultivam etiquetas em detrimento das dolorosas verdades, enquanto a vida passa, sem perceber.

Portanto, a conclusão que resta é a de que a vida que vale a pena, por vezes, escorre entre os dedos, enquanto não percebemos. Nesse sentido, questiona-se: está vivendo a vida ou deixando-se levar por ela?