Um dia de surf (atípico)

Hoje foi um dia atípico. Acordei 5:30 graças ao barulho de uma "pingadeira" de ar-condicionado. Acompanhei a previsão das ondas a semana inteira e sabia que hoje, domingo, tinha chance de ser um bom dia de surf, o primeiro de 2022, se a chuva não atrapalhasse.

Aproveitei a ajuda da "pingadeira" e levantei pra começar a me organizar. Surfista que mora longe da praia ou acorda cedo pra pegar o mar no melhor horário ou sofre com as condições ruins causadas pela entrada do vento. Aprendi isso surfando com o amigo e mentor Marcelo Freitas que sempre marcava nossos treinos cedo, de acordo com as condições do mar e do vento. Banho, lanche (banana com pasta de amendoin), pega a bolsa que já estava pronta e partiu... de fusca.

Saio cerca de 6:35, trânsito bom,  chego rápido no Recreio.

Estaciono e vou dar a tradicional conferida no mar. As ondas grandes no Canto e Macumba meio "mexido". Fico bastante tempo olhando o Canto pra tomar coragem...

Coincidência, vejo o meu guru acima citado numa onda grande, arrebentando como sempre.

Penso: "vai ser aqui no Canto mesmo, perto da pedra que está mais tranquilo."

Vou pra guardaria, troco de roupa, na previsão estavam recomendando roupa de borracha. Coloco a roupa, pego a prancha, passo parafina e saio em direção ao Canto. Chego, me alongo e fico observando mais um pouco. Tomo coragem, entro tranquilo e me posiciono. Lembro de mais uma do amigo Marcelo: "se posiciona e espera que sempre sobra uma."

Mar grande, muita gente, a maioria rostos conhecidos que sempre estão ali.

Demora uns 20 minutos e pego uma... nada demais, uma esquerdinha que já vinha quebrando, mas valeu pra iniciar.

Volto pelo canal, sento, demora mais um pouco e pego uma direita grande mas que não rendeu. Volto pelo meio mesmo, espero mais um pouco e pego mais uma que vem quebrando... nada demais, mas foi mais um "drop". Marcelo já me falou isso uma vez.

Volto pelo canal e dessa vez paro mais perto ainda da pedra. Pra descansar e pra ver se minha sorte melhora. Sobe uma direita, remo com tudo e pego... cavei, andei bastante e puxei um cutback (retorno pra direção da espuma). As quilhas novas respondem bem e bato na espuma pensando que ia cair, mas não caio, sigo até a areia.

Volto pelo canal, sento no mesmo lugar e pego mais uma direita parecida. Mesmo roteiro, mas dessa vez cai quando bati na espuma...

A essa altura já estava feliz da vida. Pensei que seria sensacional se algum dos fotógrafos tivesse registrado uma das duas direitas, de preferência a primeira.

Volto pro pico, paro no mesmo lugar e dessa vez vem uma esquerda. Pego, dou a cavada mais linda da minha vida (as quilhas estão demais), ela fecha e eu sigo na espuma. Goleada, 3 ondas boas em sequência!

Volto pelo canal, o fotógrafo brinca dizendo que eu estou pegando uma atrás da outra... dia atípico! Já cansado, fico pensando novamente que seria bom se houvesse um registro desse dia.

Não tenho mais braço, me jogo numa fechadeira pra sair.

Volto pra guardaria, e faço todo o processo reverso. Lavo a prancha, tiro a roupa de borracha, tomo banho, troco de roupa, tomo minha proteína e volto pra casa.

No carro penso novamente como seria legal ter um registro daquela direita...

Chego em casa, beijo na esposa e no filho que está acordado. Boto água pra ferver pra fazer um café e começo a olhar o aplicativo de fotos: bingo!

Estava registrada a melhor onda do dia.

Agradeço a goteira e ao universo pela sorte. Terça-feira tem mais.

Fotos desse dua no meu insta: bruno_81rj