Bolsonaro disse que: "preferia ter um filho morto, do que ele ser gay."

 

O que pensar disto!?! O que fazer com a fala impulsiva de um dos Chefes da Nação?

 

Uma ideia destas não acrescenta o que? Talvez reflexões: Partindo do particular para o todo, como será que as pessoas lidam com o bullying?

 

Aprendi a lidar com estigma bem cedo, crianças sempre pegam no ponto fraco... me chamavam de "Maria fumaça" e de fato eu era uma criança que corria atrás dos outros que me incomodavam bem zangadinha;

 

aos nove veio o apelido de "quatro olhos" pensando bem, sim realmente eu precisava de quatro olhos para enxergar melhor;

 

depois veio outro apelido engraçado, de um dos protozoários bem na época que garotas debutam e desabrocham aos quinze anos e querem ser vistas como flores, entretanto eu mesma me permiti a ser chamada daquela forma, talvez pois para "matar a pequenina nerd com óculos de CDF", que queria mais se parecer com "uma Anarquista (graças a Deus!!!)"

 

Com o tempo a gente vê que os apelidos vão mudando e a gente pode conviver com o lado real deles.

 

"É preferível ter um filho morto, do que ele ser gay" (esta foi forte, mas o que se pode tirar de positivo disto?). Primeiro momento: a fala é dele e se não está na pele dele, ele NADA tem a ver com isto. 

 

Em segundo lugar e se EU fosse gay gostaria de ouvir isto? Pois então... naquela fala tem muita ausência do saber lidar com os preconceitos, medo de lidar com a PRÓPRIA sexualidade... além da falta da noção de respeito, contudo não são das lições amargas que podemos tirar uma força maior?

E nem sempre a força está em rebater "os golpes" (e é talvez por isto muitas pessoas se afastem dele, pois pessoas que pensam como Bolsonaro representam um pai que quer acabar com o modo de ser de um de seus filhos).

Não culpo gente assim num todo, mas me causa estranhamento e incomodo as atitudes das pessoas que pensam desta maneira pois estigmas tem a ver com isolamento (segregação) e em um dos ramos está o preconceito, e o preconceito julga os outros sem conhecer o outro e sem SE conhecer.

 

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Certa feita me compararam com uma árvore seca por não ter tido filhos, mas as árvores infrutíferas apesar de não serem tão belas acolhem diversos animais: das serpentes até os animais mais exóticos. A pessoa que me rotulou é de uma proximidade sanguínea e nem por isto eu a apaguei da minha vida. 

Têm outras pessoas que complementam: - "Mas você nunca teve filhos não sabe o que é tê-los" (será? Opa! ...posso não ter parido mas isto não significa que não sei dar colo, não posso cuidar de alguém e não sofrer por aqueles que considero de certa maneira como se fossem meus filhos).

Fora que às vezes a gente é tão intenso que necessita de um certo dis-tan-ci-a-men- to. Às vezes a gente tem que se melindrar menos e se preocupar menos com as falas dos outros.

 

Nesta vida, aos olhos de outrem posso até ter sido mesmo uma árvore infrutífera, mas somente eu sei qual é o meu valor; e não será nenhum dia das Mães que irá me assinalar como menos mulher.

 

Talvez não seja a anti-gayzice de Bolsonaro que incomode tanto, mas a forma que cada um lida com a rejeição e com a falta de empatia dos outros.

 

Ninguém é perfeito. O que sei dizer é que de modo geral quem pratica o bullying está tentando não evidenciar os próprios defeitos, e se sentir até mais forte quando na realidade ainda não é.

 

Penso que existem dois caminhos: um é o da vitimização ou outro é de psicologicamente tatuar as cicatrizes com flores e/ou "animais de força, do tipo que vemos no xamanismo" cada qual faz a sua busca.

 

Ah! só mais uma coisinha, para enfatizar: a gayzice, a gordice, a maconheirice, a negritude, a ateuzice, a judeuzice, a probritude, a etezice etc NADA tem a ver com o caráter, mas será que não pode ter a ver com o julgamento das pessoas que não estão na pele do outro? (r_a)