MEU PRIMO PEQUENO QUINZENAL

Uma quinzena e mais uma visita. Era meu primo crescendo e os passos surgindo. Duas vezes por mês vejo sorrisos pequenos de quem um dia será gente grande.

Cabelos volumosos adquiriu, eu até aprendi a dirigir. Troco de marcha sem errar a terceira, mas ainda peco em algumas coisas que me custam ser vaiado e, digamos de uma forma branda, ensinado a ser um melhor motorista.

Olha só como está crescendo o meu primo, que antes tanto chorava para vir no carro, hoje chora na volta.

Por aqui adquiriu tal intimidade que já me aplica pequenos golpes cruzados, a maioria na direção do meu rosto. Até o pai mal tem conseguido se safar, ainda um pouco pela autoridade que consegue exigir com seu tom de voz um pouco (nem tanto) robusto e impositivo.

Um dia desse ele - meu primo - estava no hospital com sua mãe e passava muito mal por estar dodói. Estava com dificuldades para defecar, enfim, até lembrei de mim quando tinha mais ou menos a sua idade. Afinal, somos primos, não? Será que essa característica veio do nosso avô? Pois bem, não importa.

Quantos primos eu verei crescer até eu enfim crescer? Eu acho às vezes que sou o primo pequeno. Mas não quero dizer que sou para não dar razão aos donos da razão. Eles já têm demais ao seu próprio gosto e, sinceramente, não me importa muito a opinião deles. Pego as que me convém e transformo no que desejo.

Ah, nesse ponto com certeza eu sou bem adulto. E esse texto é sobre como o tempo passa e aprendemos.

Você perdeu seu tempo lendo isto? Acho que sim, talvez, não sei. Olá, primo. Você é pequeno. Eu sou pequeno. Todos nós somos, com fobias de gente grande!