RIO OU CHORO?

Poem-me atônito as surpresas que a vida nos reserva, notadamente as mais repentinas e estranhas. São tantas! Às vezes somos testemunhas indesejadas de momentos ao quais não gostaríamos de assistir, e mais nos abalam quando se trata da integridade física de nossos próximos, como por exemplo num acidente de trânsito, num incêndio em prédios etc. Impotentes, mesmo tendo chamado bombeiros, agentes de trânsito ou de polícia, elementos aptos para solucionar situações e ocorrências desse tipo, vemos o acontecimento se desenrolar e tudo que podemos fazer, então, é orar, suplicar a Deus para que tudo termine bem ou com o mínimo de danos possível.

Por outro lado, sendo o viver humano tragicômico, atos de comédia e de drama, fatos risíveis também se nos deparam vez ou outra. Estando no lugar e na hora errados, sem querer, infelizmente vislumbramos o que não desejamos. O óbvio, por conseguinte, é cairmos no riso, fecharmos os olhos ou afastar-nos imediatamente da cena em andamento, fugir enfim do constrangimento. Evitar que percebam termos visto aquilo não indicado aos nossos olhos.

Assim agi, com a rapidez necessária para não ser visto quando presenciei algo inusitado esta manhã. É que tenho por hábito, todas os dias, debruçar-me no parapeito da janela do meu quarto no quinto andar para respirar ar puro e tomar um pouco de sol. Da janela em questão avisto a rua, algumas residências e um prédio de apartamentos, este sendo a visão frontal. Pois foi exatamente o térreo do tal prédio a primeira coisa que vi ao chegar à janela, e nesse preciso instante duas mulheres retiravam dum carro recém chegado um frágil idoso, segurando os braços dele, amparando-o. Foi quando, súbito, a calça do pobre homem caiu, ele como elas de costas para meu campo de visão. Antes de sair correndo da janela, e por isso mesmo zarpei dali, notei que o coitado estava sem cueca.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 08/01/2022
Reeditado em 08/01/2022
Código do texto: T7424670
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