RENUNCIAR NÃO É FÁCIL
Renunciar a alguma coisa pretendida ardentemente por seu coração não é tarefa fácil, mormente se as chances de consegui-la são grandes. Porque a renúncia implica em deixar de lado, recusar sem recuo, um objeto de desejo de muito valor, seja sentimental, material ou passional. Somente os sedimentados no pilar do amor e do altruísmo atingem esse patamar de tamanha magnitude.
Quem renuncia precisa compreender e aceitar a perda dolorosa daquilo que ama, mesmo derramando lágrimas amarguradas. Só lhe restará a ausência, a saudade, a ferida aberta por recusar, mesmo no íntimo não sendo esse seu querer, aquilo que todo o seu ser tanto almeja. Os fracos geralmente não logram enfrentar a renúncia, não a aceitam por ser atitude muito acima de sua capacidade humana, o ego fala mais alto.
Ainda assim, os reconhecidamente altruístas, e por isso de espírito altaneiro e alma forte, obviamente sentem o angustiante abalo da renúncia em favor de outrem. A mágoa da perda fica e fervilha no mar cáustico da tristeza depois do salto sem volta no abismo da renúncia. Eles não retrocedem, todavia têm a percepção do quanto perderam.
Pais amorosos, em especial os mais humildes, de condições financeiras mínimas e vivendo na linha da miséria, costumam, quase sempre, renunciar em prol dos filhos. Se o alimento é insuficiente para eles e sua prole, esta tem prioridade quando a comida, embora parca, é servida; deixam de comer para que os filhos não passem fome. Mas são as mães as verdadeiras campeãs da renúncia, ninguém as supera no campo do amor altruísta. Para o conforto e alegria de seu coração, os filhos vem em primeiro lugar. Sempre. Infelizmente, e isto é ainda mais triste, poucas vezes recebem a merecida gratidão e o devido reconhecimento por tanta abnegação.