PREFÁCIO QUE NUNCA SERÁ PUBLICADO
PREFÁCIO DE O HOMEM QUE EU AMEI
Acabo de ler o segundo livro da autora Helena de Paula “ O Homem que Amei” e fiquei fascinado com mais uma maravilhosa história e vi-me diante de um grande dilema para discorrer sobre o livro e passar ao leitor as impressões que eu tive, e o que ele certamente terá, indubitavelmente em sua leitura. Farei uso de dois paradigmas para começar a exarar as minhas considerações iniciais sobre mais este novo livro.
Imagine você leitor embarcando em um trem para fazer uma viagem transcontinental e através das janelas as suas retinas fotografando todas as paisagens possíveis que correm ao contrário do trem. Vales, montanhas, florestas, rios, lagos, mares, fazendas, túneis, pontes, cidades, as paradas nas estações com os embarques e desembarques, lágrimas e sorrisos, abraços e despedidas, pessoas sentadas ao seu lado que descem a cada parada, outras estranhas que entram e sentam ao seu lado, às vezes silenciosas, às vezes falantes,
Agora leitor, vislumbre uma roda de fiar que à medida em que a tecelã vai pedalando e o algodão, em neve, vai se transformando em um fio e ao passo em que vai se enrolando transforma-se em um novelo, que um dia será desenrolado para virar um barbante que atará e será desatado; ou através dos teares cujas mãos artesãs vão transformá-lo em lindas fazendas de tecidos, que vestirão pessoas e enfeitarão muitas coisas e lugares!
Agora caro leitor, transforme tudo isso em frases, parágrafos, capítulos e em uma história completa. É o que a escritora Helena de Paula fez ao produzir este novo livro “O Homem que Amei” Um texto onde enredo e personagens são totalmente itinerantes com muitas partidas e chegadas, perdas e ganhos na vida da Melyna; As verbalizações e os cenários poderão ser comparados a uma viagem de trem com todos os seus ingredientes..
Caro leitor, nesta viagem de letras, a maneira de como a Helena insere os personagens e o detalhamento dos conflitos que ora sobem ou descem, você terá a sensação de sentir o novelo sendo fiado e aos poucos enrolando e desenrolado ao mesmo tempo. Quando tudo parece tênue, a Helena dá uma esticada brusca na narrativa e depois volta ao limiar normal, do mesmo modo que às vezes acontece na fiação do novelo.
A Helena em “O Homem que amei”, trabalha com muitas variações no seu modo de escrever, o que torna o seu estilo mais rico e mais dinâmico, nunca deixando o leitor cair na mesmice. Narra em primeira pessoa, já que a Melyna é ao mesmo tempo autora e protagonista, fazendo uso da função do “eu” emotivo e também narra em terceira pessoa porque o referencial é a outra parte integrante do enredo com os demais personagens em suas histórias e conflitos...
Em o Homem que amei, a Helena em suas narrativas flutua entre o tempo cronológico e psicológico. O início do romance parece mais uma écloga uma narração sublimada! Isso torna-se mais claro quando novos personagens são inseridos no transcorrer da história em tempo real ou em tempo psicológico com os conflitos, as tragédias, as esperanças, as desilusões e as perdas acentuadas.
A autora Helena de Paula está se especializando em trazer à tona, as verdades que cercam os sentimentos das mulheres, notadamente a natureza das suas relações e sentimentais com os homens e isto já havia sido demonstrado através da Alice Veras em” Moinhos de Ventos” com o Júlio e agora com Melyna em “O Homem que eu Amei”, com o Nikolas (uma espécie de amor platônico) e com o Felipe, a verdadeira paixão.
Tanto em Moinhos de Ventos quanto em “O Homem que Ame”, o clímax dos conflitos acaba por monopolizar o leitor, não só na exortação às questões dos laços familiares, bem como as minúcias sensoriais da vida e da natureza humana em sua essência nas suas narrativas precisas.
Como em Moinhos de Ventos, as perdas e os conflitos, as tragédias em dias e noites chuvosas, cenários como o orfanato, apartamento, a Grécia, amores e desamores, também são encontrados em o Homem que Amei. Aliás, a intertextualidade entre os dois romances é tão notória, que em determinados momentos, sem sombras de dúvidas, tanto a Alice Veras, quanto a Melyna poderiam ser confidentes uma da outra em seus anseios e angústias.
Uma mágica da Helena de Paula é saber contar histórias que bolinam o coração! A intensidade dos seus textos que sai da sua mente acaba por atingir o leitor sem precisar sacudi-lo com exageros. Ler Helena é como tomar aquele café da manhã em uma varanda arrodeada de plantas com a sonoplastia do canto dos pássaros e o barulho do mar. E se for nalgum lugar da Grécia, a coisa poderá tomar uma proporção inimaginável.
Helena nos leva a uma viagem onde os medos, as ansiedades, as escolhas complicadas feitas pelas mulheres, quando se deparam com os obstáculos, que a vida proporciona, como no caso da Melyna ao percorrer da infância até a fase adulta, que em uma dinâmica imensurável, leva-nos a uma movimentação de idas e subidas, voltas e descidas As questões trágicas contemporâneas são muito bem mencionadas no que tange às questões sociais e ecológicas, de maneira atemporal.
Convido você leitor a compartilhar esta bela história “O Homem que eu Amei”. Certamente você embarcará em uma bela viagem emocionante, e garanto-lhe que também numa dimensão que só a Helena sabe como mexer com os sentimentos! Experimentarás uma emoção diferente jamais sentida ao ler um texto tão intenso em todos os sentidos. A história dos avós, a história dos pais, os irmãos, a tia Noely, o Nikolas, o Felipe, as pessoas ligadas a eles, os conflitos, o passado, o presente e o futuro, sempre caminhando juntos, são ingredientes para uma salada deliciosa de parágrafos e capítulos.
Jota kameral
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4ª Capa
Quando recebi, há cerca de três anos, o convite da Helena de Paula para prefaciar o seu novo livro, confesso que tremi na base e isso já havia acontecido com o convite de outro autor. Para quem tem uma lista extensa de grandes amigos escritores como Nuno Lago, André Moraes, Gisa Alves, é para tremer na base mesmo! Mas o que pese essas considerações, jamais poderia declinar do convite desta grande amiga e escritora. Ou melhor: Primeiro a grande escritora e depois a grande amiga.
Para entender onde a Helena busca tantas inspirações reli a frase do Nuno Lago, no prefácio de Moinho de ventos,” Helena de Paula acolheu ao seu chamamento às Letras, precisamente inspirada em suas raízes familiares” Mas como chegar a uma conclusão do seu jeito extraordinário de escrever? Os versos da canção, ” My Friend the wind will come from the hill/ Rains and Tears are the same/ But in the sun you’ve got to play a game” (Demis Roussos) deram-me a resposta.
“Meu amigo o vento virá dos morros. “Chuvas e Lágrimas são iguais, mas é no sol que você tem que jogar o jogo”. Nestes versos descobri que Helena quando escreve mentaliza os acordes dos instrumentos gregos, à mediada em que transforma os seus pensamentos em belíssimas histórias, tendo na chuva a marca das tragédia e no arrepio da luz do dia nas buscas das soluções. Como Moinho de Ventos, O Homem que Amei prenderá o leitor e o surpreenderá com um final..............deverasmente emocionante..
Leitor, você tem em mãos uma história emocionante. Devore essa história como se não houvesse o amanhã, porque vale a pena! Helena, parabéns pelo sua mais nova maravilha e obrigado pela honra do convite.
Nota de pesar
Certo dia o mestre Honorato Ribeiro dos Santos informou me que há alguns dias não conseguia falar com a nosso amiga e escritora, Helena de Paula, e pediu-me que verificasse o que estava de fato acontecendo com ela.
Através das buscas no face book na rede de amizades acabei tomando um susto tremendo! Havia muitas homenagens póstumas direcionadas para ela e uma nota de pesar da sua neta sendo consolada por um amigo. A nossa amiga escritora virtual havia partido e com ela o sonho de publicar o seu segundo livro foi enterrado junto!
Helena de Paula estava muito feliz com a finalização do seu segundo livro e, com base no que escrevi sobre o seu Moinho de Ventos fui convidado para prefaciar o Homem que Amei e ainda escrever na quarta capa.
Eu também estava feliz em prefaciar o livro. Infelizmente Helena de Paula partiu em 2017 e não houve tempo para a publicação e nem a despedida. O lançamento seria em um grande restaurante Grego e eu eu estava convidado. A vida é assim. Eu não tenho mais o arquivo do livro por um acordo celebrado entre nós. Assim que eu terminasse de lê - lo eu deletaria o arquivo por medida de segurança. Uma pena porque agora a única memória é o meu prefácio
João Nogueira da Cruz