FELICIDADE
Onde mora a felicidade? Presumo que ela não reside num lugar fixo, que vaga por aí, em qualquer lugar, que se distribui em cada centímetro quadrado como as plantas nascem aleatoriamente e dependem da chuva espontânea e do solo fecundo, que é diáfana exatamente a espelho das metáforas. Move-se feito a brisa e viaja aos quatro cantos do mundo à espera de ser abraçada, provavelmente de ser vista pelos olhos perscrutadores da emoção, do coração, da alma.
No entanto, a felicidade é livre, leve e independente, na verdade nunca se apega a ninguém, apenas troca de relacionamento quando bem entende, sai de um aconchego e logo se atira às mãos de outro, outros, muitos, inúmeros, para a seguir abandona-los sem mais nem menos. Ela é assim nesmo, jamais se apaixona, ou ama de verdade, conquanto não seja vulgar nem fácil, é simplesmente o jeito dela, somente isso. Não tem dono e jamais terá, é propriedade passageira de todos no mesmo momento, ou de nenhum, mas, ao mesmo tempo, é notória sua independência e individualidade. Até hoje não se sabe qual a maneira mais perfeita de conquista-la, porque inexiste. Pois ela mesma se entrega quando lhe apraz.
A felicidade é ou está? Quem sabe? Talvez nem seja, não passe de mera hipótese, se demonstre tão-só um doce mito.