A chegada do novo ano demonstrou-se tímida em 2022. Veio despida de cores voluptuosas, amparada por um bengala que trouxe um janeiro de vestes puras, mas com feicções antigas, com marcas que o carimbaram nos últimos tempos.

 

Aos esperançosos, vestidos de verde, sinto informá-los: o equilíbrio e a saúde almejados dependerão exclusivamente de um movimento, seja para a prevenção das doenças, por meio do tripé tão difundido pelos especialistas (atividade física, alimentação e saúde mental) e, pela balança racional das emoções, porque do contrário, os profissionais do exército seriam invencíveis e perfeitamente virtuosos no quesito balanço equilibridado.

 

Aos caracterizados em ouro, em busca da riqueza perdida: quem nunca quis encontrar um baú com um tesouro ou ganhar na mega da viradas? Já vou logo avisando: num ano posterior de recessão, crise econômica e resquícios de uma pandemia ainda em curso, não será um cálculo fácil, a não ser, é claro, a exceção para a geração influencer digital. Alguém conhece algum carteiro rico? Amarelo o ano inteiro!

 

Aos seduzidores sanguinários, exalando amor em pulsações coronárias, boa sorte! Vermelho nunca é demais! Que o digam as aeromoças russas que não se despedem jamais de suas vestes brilhantes. Sempre as vejo em trânsito, fazendo conexões entre países, mas solitárias.

 

E se o azul foi a escolha: paz e serenidade. Uma pitadinha de fé melhora o tempero! Na transmutação almejada mora o autoconhecimento e a autocrítica, mas isso os tecidos não dizem... Será que os servidores da Caixa Econômica Federal são espiritualmente evoluídos? 

 

Se escolheram o branco, já bate a porta a serenidade? Se fosse assim todo médico era anjo... E não são raras as exceções. Já os vi, de cima de seus púpetos mentais, destruírem autoestima de muitos.

 

Poderia me estender com as cores, mas já ficou claro. Seria cética quanto aos rituais? A verdade é que estamos a quilômetros luz das verdades que nos libertam, mas vamos carregando os pesos de nossas escolhas, vez ou outra, soltando pelo caminho alguma bagagem que já não nos serve mais, afinal, janeiros voltam para nos fazer brecar, mesmo em alta velocidade, o nosso veículo interior e dar tempo para que alguns atravessem o caminho e outros, que pediram carona, desçam.

 

Janeiro, garoto tímido, em plena ascenção adolescente, reverte-se em coragem, saqueando nossos medos, nem que seja apenas no seu primeiro minuto, apagando nossa memória, e permitindo um brinde. Parece que o tempo para, as pessoas disparam amor e assentam seus sonhos no banco da vida. Mas depois, como que num passe de mágica há um lapso memoral e o porteiro volta a ser invisível, mesmo vestido de laranja, porque o calor afetivo mora entre o Natal e o Ano Novo. Depois, a cidade interior vai sendo ocupada pelas obrigações e compromissos e permanece submersa até o Novo. Ah, se o Ano começasse todo dia... Dia a dia...

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 02/01/2022
Reeditado em 02/01/2022
Código do texto: T7420375
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