Valorize as Pequenas Coisas!

A prática da pescaria para escala comercial era conhecida como "arrasto de parelha", e consistia na formação de duas pequenas equipes pilotando duas embarcações que avançavam mar adentro mantendo uma distância que poderia ser de 100 a 600 metros entre uma e outra, dependendo da extensão da rede presa a ambos os barcos.

Os barcos seguiam paralelamente mantendo essa distância entre eles e, na medida que avançavam, "puxavam" a rede presa à amurada da embarcação formando um grande saco que seguia ao encontro dos cardumes avistados pelo "olheiro" que perscrutava o movimento das águas à sua frente.

Do nosso pequeno grupo, o meu irmão Pedro e ambos os filhos de Zebedeu, Tiago e João, eram sempre os líderes das embarcações por causa da sua intrepidez, força e liderança sobre os demais. Eu sempre estava por perto, e  por causa da minha característica individual, quase que um pouco tímido, me envolvia com outras tarefas não menos importantes e, também necessárias para o sucesso da pescaria, como por exemplo, liderar os outros companheiros da equipe no recolhimento das pesadas redes repletas de peixes que abundavam as águas do Lago de Genesaré.

Era um trabalho igualmente extenuante e, se considerado isoladamente, mais pesado do que singrar as águas para cercar o cardume. No entanto, toda a operação, nos seus mínimos detalhes, era importante e eu me sentia bem executando o meu trabalho na retaguarda da equipe.

Sempre fui assim! Como profissional, o meu olhar e a minha atenção estavam sempre focados na tarefa a ser cumprida, independentemente do fato de me encontrar na liderança total da equipe ou ser tão somente o líder da retaguarda da equipe.

Sempre entendi que o sucesso de uma empreitada está fundado na ação pró-ativa da equipe, com a colaboração e comprometimento de todos, sem as disputas concorrentes por lideranças de maior ou menor expressão.

Lembro-me de uma ocasião, quando Jesus encerrou mais um dia de ensinamentos à multidão que se reunia em torno dele por onde ia, sendo já muito tarde  alguns discípulos o encorajaram a despedir o povo que estava faminto e nós não tínhamos como oferecer-lhes algo para comer.

Jesus simplesmente disse: "Eles não precisam ir embora. Dêem vocês a eles,  algo para comer." Atônitos, e para encurtar a história  eles disseram: "Impossível. Não temos pão e nem dinheiro suficiente para comprar pão pra tanta gente."

Ora, e aqui há uma lição a ser aprendida, a busca por uma posição de supremacia na liderança e controle de determinada situação, por vezes ofusca o olhar de quem busca ser o maior.

Trabalhar na retaguarda, entretanto, pode proporcionar ao indivíduo atento às circunstâncias do momento,  resultados surpreendentes.

Digo isto porque, enquanto estavam todos absortos e atentos ao Mestre durante o seu prolongado discurso, pus-me em pé, olhei para o sol e depois para a sombra da minha silhueta projetada nas areias quentes do deserto e pensei: "Este povo todo precisará ser alimentado. O que faremos?"

Comecei a caminhar entre a multidão até descobrir um rapaz que trazia consigo um pequeno lanche contendo pão e peixe. Identifiquei-o e passamos a conversar amenidades. Na verdade, para quem estava de fora, a aparência era de alguém que estava mais interessado no lanche, do que na vida do rapaz.

Terminado o discurso de Jesus e após a pequena discussão sobre não haver comida nem dinheiro para alimentar a multidão, aproximei-me de Jesus e disse ter encontrado um rapaz com um pequeno lanche. Era pouco, mas o Mestre saberia o que fazer com aquele pouco. E foi assim que participamos de um verdadeiro milagre, observando Jesus multiplicar pão  e peixe para alimentar uma multidão de cinco mil pessoas, sem contar as mulheres e crianças.

Sabe, existem situações em nossa vida em que, tudo quanto temos parece ser insuficiente para atender as nossas necessidades. Quando isto acontece, o melhor a fazer é entregar nas mãos de Jesus o pouco que temos em mãos, confiando que Ele pode, segundo a Sua vontade, multiplicar de alguma forma os nossos recursos para termos o que nos é necessário, e não o que simplesmente desejamos.

A satisfação dos nossos desejos, nem sempre é uma necessidade. Mas, ter a nossa necessidade satisfeita é o desejo nosso de cada dia.

Andando com Jesus,  aprendi que Ele sempre está disposto a transformar as pequenas oportunidades que se nos apresentam diariamente, em projetos que valorizem a dignidade da pessoa humana, desde que estejamos atentos a elas.

Noutra oportunidade, já em Jerusalém, alguns gregos procuraram se encontrar com Jesus e manifestaram o seu desejo a Filipe. Sabendo da minha característica individual de aproveitar as oportunidades como Relações Públicas do grupo de discípulos, Filipe veio a mim e, ambos, fomos a Jesus levando o pequeno grupo de gregos que visitavam Jerusalém por ocasião da festa da Páscoa.

Aquilo ensejou a oportunidade de Jesus anunciar que a sua vinda ao mundo compreendia tornar o amor de Deus conhecido e disponível a todos os povos, independentemente da etnia, cultura, língua ou conceito político.

Você compreende o significado disso para a sua vida?

Jesus veio ao mundo por amor a mim  e também por amor a você. Ele me encontrou e eu estive com ele. Aprendi com ele o valor e a importância das pequenas coisas.

O resultado disso está aqui mesmo, à sua frente, ou seja, você está lendo o que alguém escreveu sobre o meu encontro com o Mestre. E eu pergunto:

Quantos lerão, na sua vida, sobre o grande amor de Jesus pela humanidade?

Deus te abençoe!

Pr. Oniel Prado

Verão de 2022

02/01/2022

Brasília, DF

Oniel Prado
Enviado por Oniel Prado em 02/01/2022
Código do texto: T7420113
Classificação de conteúdo: seguro