SAUDADE DO TEC, TEC, TEC
Lembro da redação de jornais, cheias de fumaça de cigarro e
tomadas pelos tec, tec, tec desenfreados das máquinas de escrever.
O esforço dos dedos para datilografar numa velocidade estonteante
fazia com que cada texto ficasse impregnado de uma energia única,
bem diferente da provocada pelo calado e seco digitar desses dias.
Colocar a papel ou lauda na máquina de escrever tinha o efeito de recarregar
um fuzil pra evocar a melhor inspiração que poderíamos ter.
Por vezes arrancávamos o papel dela denotando certa indignação
ou frustração, jogando-o no lixo para que se juntasse a outros pares
também rejeitados com furor.
Tarefa cumprida e o papel era retirado da máquina com
respeito e certa reverência, já que ostentava a nossa criação cravada nele,
quase uma obra de arte.
Hoje o computador e Word ajudam bastante para escritores e redatores
tocarem o barco, apagando erros ou mudando textos de lugar
apenas apertando um botão.
Mas nada se compara ao tec, tec, tec de outrora, quando usávamos os músculos
dos dedos para imprimir letra após letra.
Penso no texto que farão meus netos se referindo ao arcaico teclado
de computador e ultrapassado e jurássico Word.