SAUDADE DO TEC, TEC, TEC

Lembro da redação de jornais, cheias de fumaça de cigarro e

tomadas pelos tec, tec, tec desenfreados das máquinas de escrever.

O esforço dos dedos para datilografar numa velocidade estonteante

fazia com que cada texto ficasse impregnado de uma energia única,

bem diferente da provocada pelo calado e seco digitar desses dias.

Colocar a papel ou lauda na máquina de escrever tinha o efeito de recarregar

um fuzil pra evocar a melhor inspiração que poderíamos ter.

Por vezes arrancávamos o papel dela denotando certa indignação

ou frustração, jogando-o no lixo para que se juntasse a outros pares

também rejeitados com furor.

Tarefa cumprida e o papel era retirado da máquina com

respeito e certa reverência, já que ostentava a nossa criação cravada nele,

quase uma obra de arte.

Hoje o computador e Word ajudam bastante para escritores e redatores

tocarem o barco, apagando erros ou mudando textos de lugar

apenas apertando um botão.

Mas nada se compara ao tec, tec, tec de outrora, quando usávamos os músculos

dos dedos para imprimir letra após letra.

Penso no texto que farão meus netos se referindo ao arcaico teclado

de computador e ultrapassado e jurássico Word.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/01/2022
Reeditado em 02/01/2022
Código do texto: T7420058
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