PItangólicos em Congraçamento de Fim de Ano
E antes que este ano de dois mil e vinte caia em exercício findo, e vire outro, vamos ao encontro do encontro dos pitangólicos que marcou o congraçamento de fim de ano dos conterrâneos, natos e adotados, que vieram à Velha Serrana para mais um ato de amizade, coesão e de justificado orgulho de pertencimento.
A data foi um sábado, quatro deste dezembro, acho que dia de Santa Bárbara, se é que o calendário hagiológico da Igreja Católica dos anos 60 estiver mantido. A lembrança mais recorrente e doce que tenho desta data, em minha meninice é que era justamente o dia em que se plantavam os grãozinhos de arroz - ainda não-descascados - numa latinha de sardinha para que, germinados uniformemente, servissem de ornamento para o presépio natalino. O tufo de brotos de arroz teria até uns dois centímetros então e era de um verde tão intenso que chamava a atenção, principalmente do jumentinho e da vaquinha da manjedoura, que, lastimavelmente, por sacro dever não podiam sair da gruta enquanto o Menino não viesse ao mundo...
Tampouco as ovelhas, à volta da gruta podiam sair de sua contemplação, pela mesma razão...
O local do encontro dos pitangólicos não podia ter sido mais acertado, tal a organização que saltava aos olhos: gramado tratado e bem aparado, árvores frutíferas harmoniosas - no caso das mangueiras então, contrastando o verdíssimo da folhagem com o rosa denso das mangas ... - uma cachoeira artificial muito bem arquitetada, de dar água na boca, também...a disposição das mesas e do buffet em ambiente arejado e extremamente bem asseado...a música aos cuidados de três Caldas...o serviço de presto e cortês atendimento e, naturalmente, os frequentadores, que contavam algumas dezenas já no início da função...tudo isso formava um conjunto impecável...a não ser, claro, pelo consumo etílico que já prometia ab initio...
E nesse contexto, pontificava a presença do Imperator Romulus Augustus, cercado de amigos e amparado em seus vinhos importados da Gália, da Helvetia, das Hispânias, das ilhas gregas...
E os grandes clãs, os patrícios com suas respectivas famílias vinham chegando, ocupando os espaços... e é bom notar que antes do encontro houve uma peleja ludopédica entre os gladiadores comandados pelo Spartacus Tinocus, cuja origem muitos atribuem à Anglia, e embora o resultado não tenha sido ainda divulgado, em função de avaria do VAR, escaparam todos com vida e fome e sede antológicas.
Um pequeno incidente da perda de minha comanda, ou minha memória, não sei agora precisar, levou o inefável Fernandus Catus a interceder pronta e eficazmente em meu favor, facultando-me a saída desimpedida do circus maximus, mediante um adiantamento de 20 sestércios, endossado pelo próprio Romulus Augustus. Eu tinha compromisso na Numídia e não pude destarte, usufruir das mais finas iguarias e ainda mais refinadas companhias...
Mas o consolo é que ano que vem teremos mais. E eis que ele já bate às nossas portas...