ENTRE FARSAS E FARSANTES
Quem já não blefou com certos sentimentos ou encenou
uma farsa dissimulando algo na maior cara de pau?
O jogo da vida permite que seus protagonistas cumpram
certos roteiros descaradamente falsos e talvez por isso mesmo,
extremamente convincentes e sedutores.
A coisa está de tal forma disseminada que não temos
mais como distinguir o joio do trigo.
Digerimos tudo que nos mandam sem quaisquer filtros
ou critérios. E tudo bem.
Se caso fôssemos exercer um rígido controle prévio
do que recebemos enquanto plateia, a frustração que derivaria
disso seria generalizada.
Daí por mero comodismo ou por algum mecanismo de
defesa intuitivo, não nos damos ao trabalho de ficar
questionando a toda hora o que colocam à nossa frente.
Assim sofremos menos e não cortamos o barato
do entorno que pode prosseguir no seu show livre e
impunemente.
Quem sabe não serão justamente essas farsas e farsantes
do cotidiano que representem o que temos de mais autêntico, puro
e verdadeiro.
O resto não passa de mero resto, e nada mais.