ENTRE FARSAS E FARSANTES

Quem já não blefou com certos sentimentos ou encenou

uma farsa dissimulando algo na maior cara de pau?

O jogo da vida permite que seus protagonistas cumpram

certos roteiros descaradamente falsos e talvez por isso mesmo,

extremamente convincentes e sedutores.

A coisa está de tal forma disseminada que não temos

mais como distinguir o joio do trigo.

Digerimos tudo que nos mandam sem quaisquer filtros

ou critérios. E tudo bem.

Se caso fôssemos exercer um rígido controle prévio

do que recebemos enquanto plateia, a frustração que derivaria

disso seria generalizada.

Daí por mero comodismo ou por algum mecanismo de

defesa intuitivo, não nos damos ao trabalho de ficar

questionando a toda hora o que colocam à nossa frente.

Assim sofremos menos e não cortamos o barato

do entorno que pode prosseguir no seu show livre e

impunemente.

Quem sabe não serão justamente essas farsas e farsantes

do cotidiano que representem o que temos de mais autêntico, puro

e verdadeiro.

O resto não passa de mero resto, e nada mais.

 

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 31/12/2021
Código do texto: T7418692
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