Tal do Gui
Sorrindo ardentemente, como de costume, subi no ônibus. Ajeito o marca páginas. solto o cabelo e já vou logo lançando ao Bruno, (motorista do famoso Itamarati), um olhar eufórico acompanhado de um cumprimento tradicional de todas as tardes. Ele me dá, como uma forma de resposta, um sorriso amarelo enquanto guardava seus óculos de sol, passamos longos trinta minutos mantendo a conversa estritamente voltada ao livro que eu tinha em mãos mas, logo, chego ao ponto de desembarque.
Sigo a pé do terminal.
A cidade hoje brilhava, parecia conter cores mais vívidas pra um dia tão comum, mas na verdade ele não era comum, se tem uma coisa que esse dia não seria, era tornar a ser comum.
Eu passara a trocar de escola algumas vezes após sofrer bullying, Elaine (minha mãe), costumava ser chamada por cada uma das pedagogas diversas vezes, por conta de sua filha introspectiva. Mas desta vez não. Mostrava-me confiante, decidi deixar a vergonha de lado e me tornar mais do que o que os outros queriam que eu fosse.
Iniciara em uma escola nova esse ano. Neste dia. Daqui a uns poucos minutos na verdade, contudo, me recusava a ficar novamente sem concretizar a menos uma mísera amizade.
Enfim chego ao destino.
Sentei-me, nem no fundo e nem à frente, não queria parecer nerd, porém, também não pretendia fazer amizade com os seres errados.
Passei a olhar atentamente à minha volta os jovens que chegavam na sala, uns eram conhecidos tanto quanto outros nunca nem tinham sido vistos. A chegada do professor trouxe a todos um momento não muito esperado mas de grandiosa ansiedade, a chamada, conhecer a cada aluno iniciando por seus nomes, e enquanto a chamada estava sendo realizada pensava eu que, tal momento era irremediavelmente perfeito para que eu pudesse começar a conquistar alguns amigos. Logo abro o penal com o intuito de esconder meu apontador, tal que minha mãe ganhara em uma papelaria onde nossa amiga Sônia trabalha, viro-me para a fileira da parede e avisto um dos primeiros alvos, ao me aproximar com cautela perguntou ao jovem rapaz:
- Rogério? Pode me emprestar seu apontador?
Ouço gargalhadas, é deveras vergonhoso ser a causadora de algumas risadas, ainda mais quando não se sabe o que as causara. Esforcei-me para poder compreender qual de minhas palavras teria sido tão engraçada, porém tais risadas eu entendera apenas mais tarde, logo, na aula seguinte durante a segunda chamada. O moço simpático de pele morena e risadas diversificadas chamava-se Roberto Guilherme, mas acabou que Rogério aceitou seu segundo e incerto "batismo nomeal".