As lembranças da infância convidam pra brincar,
pra festejar, pra sacudir, pra bagunçar.
São pedaços de mim ainda mornos, ainda respirando,
ainda suando sem parar.
De alguma forma são eles que me permeiam,
temperam os dias, alinham as teclas da vida.
Lembranças que trazem gostos atrozes,
evocam alguns vãos que queria mandar
pra onde vista não mais alcança.
Mas é esse leque que faz minha alma trovejar,
cada fagulha diz um pouco dos versos que já untei,
dos portos que abracei, das varandas em que ancorei.
Lembranças que são folguedos nunca dispersados,
ventos que sopram pra todo lado numa debandada só.
Que sempre possa ter lembranças rentes, salientes,
lastros e musgos eternos, nunca calados,
nunca vencidos, nunca largados num chão qualquer.