O DOM DE ESCREVER

Não é somente um dom o escrever, não apenas simplesmente aquele algo mais que vem do berço, talvez com traços genéticos, não só. Porque ter essa graça e não sentir, por qualquer motivo, o desejo frenético de exercitar, o latejar da ansiedade para que surja um texto, uma poesia, uma mensagem qualquer, o dom permanecerá esquecido e pouco ou nunca exteriorizado.

Amar a escrita e a excelência do beletrismo vem acompanhado do mesmo sentimento pela leitura geral e pelos livros em especial. Quem não vive sem escrever tampouco existe sem ler, são impulsos gêmeos e andam de mãos dadas ao longo da vida. Um depende do outro, complementam-se, dir-se-iam irmãos siameses.

Há relatos de que Ernest Hemingway cometeu suicídio em virtude de ter-lhe faltado a inspiração, o que para ele, autor de obras magníficas, significava o fim, a beira do precipício. É certo ter havido precedentes familiares de fatos similares desse ato extremo, mas certamente o gatilho para ele mesmo também escolher o abismo foi ativado à fuga da inspiração. Controvérsias à parte, nada pior para o escritor do que lhe desaparecerem a criatividade, a imaginação e a inventividade.

Parodiando um conhecido dito popular, "escrever e coçar é só comecar". Desaparecendo a inspiração e curada a coceira o que restará ao viciado nos dois hábitos capazes de proporcionar indizível frenesi? Ao escritor a depressão, caso chegue a tal ponto; ao coceirento talvez o alívio ou a saudade do vício. Pode parecer esdrúxula a comparação, mas a intenção foi realçar o quanto é importante estar inspirado para quem escreve. Portanto, escrever é um dom a ser continuamente exercitado juntamente com as leituras a mancheia.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/12/2021
Código do texto: T7416955
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