Sonho escrevendo
Na minha torre
Em intermináveis dias
A vida passa mais rápido do outro lado da janela.
Aqui, rasteja, no máximo, caminha.
Dias são preguiçosos, previsíveis.
Ás vezes enfadonhos. Emoção no máximo na leitura.
Sei como amanhecer e anoitecer.
Feliz por ter planejado minha gaiola dourada...
Confortável, segura, com pequenos luxos.
Aqui banho-me qual Rainha do Sabah, se essa for minha vontade ou faço delícias no fogão de lenha.
Se eu quiser. Tomo um chá com torradas
(se tiver).
Meus limites determinam como trabalho, como me divirto, como descanso.
Quando decidi escrever esse texto pensava falar sobre os dias que faltam para o ano que vem e das promessas para ele
Percebi que muitas pessoas viveram, em parte, a minha realidade nessa pandemia. Mas não com tanta qualidade. Li, fiz muitos cursos, pasmem - fiz muitos amigos, sem sair de casa. Escrevi compulsivamente. Minha escrita é minha voz. É meu sonho. Nela posso viajar, inventar. Me dei conta que mal conheço São João del-Rei. Não conheço o Bichinho (Vitoriano Veloso), mas conheço o Mar. Escrevi a falta que sinto dele.
"Olhar o mar
Chorei essa saudade - olhar o Mar!
Ouvir seu cantar!
Me deixar levar!
Do alto da minha torre essa tristeza e esse medo tenho - não mais!
Pelo menos,
Olhei, ouvi sua voz e fui...
Até onde ele mora em mim!..."
Por isso escrevo! Por que vivo de sonho.
Ano que vem, sonho com caminhadas - faço quando saio. Sinto o ar no rosto, me exercito um pouco. Ler os livros que tenho. Escrever muito mais. Poetisar (meu verbo), me indignar, chorar, amar, me apaixonar.
Dia 31 ganho um livro/caderno novo. Leio o conteúdo, faço anotações nos cantos, nas margens, nas entrelinhas. Rabisco ou grifo palavras, trechos. Releio e aprendo. Mais uma vez escrevo. Aprendo.
Escrevo um 2022 bem melhor!
Será!