REVENDO MEUS PAIS NO MAIS TRISTE LUGAR

Hoje vou com meus filhos visitar os túmulos dos meus pais no Cemitério Israelita do Butantã.

Meu pai faleceu há quase 20 anos, minha mãe há quase 3.

Tenho essas fotos abraçados aos dois na frente da minha mesa de trabalho, ao lado de outras dos meus filhos pequenos, uma com a patroa numa festinha de aniversário da caçula e outra com uma cachorrinha que perdemos, a Mel.

Toda hora revejo essas imagens pra buscar inspiração, resiliência, discernimento e novo gás quando dá vontade de chutar o pau da barraca.

Meu pai sobreviveu ao Holocausto e refez sua vida aqui. Gostava muito dele, foi grande amigo, segurou minha onda quando precisei e nunca deixou de me ajudar. Saudade dele.

Minha mãe fez de tudo pra não deixar nos faltar nada, tivemos certa turbulência na nossa história em certos períodos, mas no final da vida dela trocamos carinhos e cuidados que nunca esqueci. Saudade dela.

A morte é coisa curiosa. Com o passar dos anos da partida de ambos, enquanto algumas passagens vão sendo apagadas pelo tempo, outras recebem nova mão de tinta pra ficarem mais nítidas e tangíveis do que nunca.

Em algumas horas estarei diante dos túmulos do papai e da mamãe e ficarei feliz por colocarmos uma pedrinha sobre a sepultura deles, costume judaico habitual com simbolismo de que as flores, embora belas, eventualmente morrerão. Já uma pedra não morrerá e representa a permanência da memória e do legado.

Até logo mais, meus queridos. Será bom ficar perto de vocês de novo!

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 26/12/2021
Reeditado em 27/12/2021
Código do texto: T7415139
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