No portão

Chovia e fazia frio. Ele estava com aquele moletom preto de capuz na cabeça. De longe eu via ele se afastando e cada passo que ele dava era um sopro de ar a menos dentro de mim. Ia me sentindo fraca. E não queria acreditar que eu não teria nem ao menos uma chance de ama-lo.

Eu já sabia que o amava, desde muito cedo. Só não tive coragem de assumir, de me entregar. Eu olhava pra dentro dos olhos dele e quase sentia o mesmo. Eu me aventurava em sua casa mas queria um lugar no seu coração. Eu ansiava pra que ele também me amasse, que percebesse o quanto eu ja o amava. Ele tinha um olhar tímido e nervoso quando eu falava seu nome, ele me ouvia e eu sentia uma onda de paz e felicidade entrando em mim ao lhe tirar sorrisos. Ele se fascinava com minhas curvas, ele delirava no meu sabor, ele me aquecia e me confortava com seus braços. Eu só sabia me sentir atraída. Eu só queria vê-lo todos os dias da minha vida. Acabou virando amor muito rápido. Ele veio até o meu portão pra dizer que não dava mais pra ser nós dois. Antes de eu conseguir dizer que o amava. Não achei justo ele ir sem saber. Te disse adeus, te amo. Ele me olhou surpreso e triste. Como se eu não devesse ter dito aquilo. Como se fosse um erro amar. E me abraçou. E disse que me amava também. E na minha mente eu o deixei ir nesse dia. Foi o dia de sua liberdade. O dia que o amor deixou meu coração. Desculpa por não ter te impedido de me amar. Desculpa por não ter dito no dia exato que o amor entrou. Eu demorei demais e isso nos deixou atrasados e nos custou muito nos dias que seguiram.

Te amei e te deixei de amar naquele eu te amo no portão.

emillybuscaroli
Enviado por emillybuscaroli em 25/12/2021
Código do texto: T7415053
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.