O NÃO PAI DESENGANADO("O destino é severo. Sejamos nós indulgentes. O que é preto talvez não seja escuro". — Victor Hugo)
Apesar de me preocupar em expor minhas ideias com cuidado, não consigo evitar observações maldosas, o que pode levar a desentendimentos devido à fragilidade das relações cotidianas. Ainda assim, continuo a me expressar.
Eu me lembro quando li "Memórias Póstumas de Brás Cubas" aos 17 anos e me identifiquei com o narrador pessimista. Adotei a afirmação do narrador de que não ter filhos é um ato positivo, mas depois encontrou uma filha, pela internet, e mudou de opinião. Por isso, a primeira vez que li o livro: Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, eu tinha 17 anos, fazia o último ano do Ensino Médio: Aos 17 anos, Brás conhece Marcela, prostituta espanhola radicada no Rio de Janeiro.... Enfim, identifiquei-me com muitas passagens ali, das quais tirei muitas lições da vida pessimista e sem sentido do personagem narrador.
No último capítulo, significativamente chamado; "Das Negativas", existe um balanço, claramente negativo da passagem pela vida, que termina com a famosa afirmação: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria". Trata-se de uma afirmação forte, escrita por um irônico narrador. Eu passei a pensar assim também e, a partir daí, comecei a responder para quem quer que me perguntasse, se eu tinha filho ou queria tê-lo, prontamente lhe dizia: “COMO PODERIA EU COMETER TAMANHO ERRO REPRODUZINDO A MISÉRIA QUE SOU”. E vejam só que “erro” maravilhoso eu cometi. Ela me apareceu grande, educada e linda! Não preciso mais ler o defunto escritor. Agora vou ler o vivo Paulo Coelho: “Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, pois não conhecemos nem a nossa própria.
Minha descendência será abençoada por muitas gerações, se Deus permitir. A frase de Éder Moisés diz: "Não se preocupe com a flor caída. Em breve, ela trará frutos e descendentes." Eu também estava preocupado que o teste de DNA não comprovasse minha paternidade, e se isso acontecesse, eu seria extremamente infeliz, pois aprendi a amá-la rapidamente.
Cada pessoa sofre e ama de forma única. Para perdoar, me afasto. Passarei o Natal sozinho remoendo as dores dos pecados relacionais, agradecido por ainda estar vivo. As pessoas me assustam, então vou para um lugar solitário onde não há ninguém para me consolar. Meu dilema é estar sempre insatisfeito. Já dizia Voltaire: "O público é uma besta feroz. Deve-se enjaulá-lo ou fugir dele." (Cifa