ENTÃO, É (QUASE) NATAL...
Dezembro está indo embora e o “espírito de natal” ainda não baixou em mim. Racionalmente sei que há muitos motivos para viver com intensidade toda essa magia que envolve o último mês do ano. Para “viver” dezembro como ele merece. Estamos vivos! Atravessamos com vida e saúde esse período de pandemia. Apesar de todas as perdas, estamos aqui! Comemoremos! Não importa que tempestades tenham atrapalhado nossa travessia, dezembro continua sendo tempo de Natal. E natal é luz. Renascimento.
Então, apesar dos espaços vazios à mesa, dos abraços que a pandemia nos roubou, dos muitos adeuses sem despedidas, dos cafés adiados, dos encontros interrompidos é preciso seguir em frente. Termos consciência que não podemos parar, pois, o tempo não espera por ninguém. Portanto, com ou sem grandes celebrações, vamos nos deixar envolver por essa magia que não existe em nenhum outro mês. Essa mística que só dezembro possui. Depende de nós!
Para além das marcas deixadas na carne de minhas memórias pelo ferro das traições e perdas, tenho muito a gradecer. Dezembro não é feito apenas de amargas lembranças. Tenho bons motivos para continuar acreditando na humanidade e renovando minha fé em um Deus de infinita misericórdia. Foi em um dezoito de dezembro que nasceu o Café&Poesia - idealizado por mim Fátima Feitosa (a ordem foi apenas para deixar a escrita mais fluida), um grupo literário que traz muitas alegrias e gente que gosta de literatura para minha vida. Ao longo desses anos conheci e reencontrei pessoas muito queridas. Perdemos dois companheiros – Socorro Fernandes e Chico de Neco Carteiro que agora encontram-se em outra dimensão.
Completamos oito anos de atividades lançando o Vol. 6 da Antologia Café e Poesia – organizado por @David Leite, Eduardo Pinto e Pe. Guimarães e os Exercícios Literários IV, organização de Raimundo Antônio (Raí Lopes). O primeiro prefaciado por Crispiniano Neto e o segundo por Vera Lúcia. Mantivemos o compromisso com nossas publicações, mesmo com os encontros suspensos. Amamos a poesia, somos loucos por café e devotados a nossa confraria, mas, acima de tudo, temos consciência da gravidade do momento e preferimos esperar um pouco mais para voltarmos aos nossos cafés, sempre regados de muita alegria, abraços e poesia. É verdade que vez por outra “esquecemos o perigo” e nos encontramos, em pequenos grupos, para um café. Tem sido assim nas rápidas visitas do amigo Clauder e sua Biscuit, a nossa querida Dra. Luzia, à Mossoró, na rápida passagem de Ieda Chaves à terra de Santa Luzia. Nos finais de tarde no quintal de Dulce ou em torno da mesa de Margareth, nas esporádicas visitas ao templo da poesia, ou na “Oficina da Poesia”, como disse Fábio Gurgel em homenagem a casa do Poeta Maior – Antônio Francisco.
Por esses e tantos outros motivos, preciso refutar essa melancolia que teima em roubar o brilho do Natal. Essa tristeza de viver mais um Natal sem poder reunir toda família, toda é maneira de falar, pois pelo tamanha de nossa família essa é uma tarefa que nunca conseguimos, nem em tempos sem pandemia. “Chega de saudades” e lamentos. Quero agradecer o que de bom aconteceu, a fé que nos manteve (mantém) de pé! A coragem de seguir caminhando mesmo quando o as incertezas pesam sobre os ombros. Como diz uma oração Celta: "Que os nossos* olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer. Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz”, afinal são os pensamentos positivos que transportamos, aliados as ações, que vão dando origem ao novo dia e um novo mundo. Portanto, “você que inventou a tristeza, faça o favor de desinventar”, pois tenho muitas gargalhadas estocadas precisando ser liberadas.
Feliz e abençoado Natal a todos que continuam acreditando que a vida é fruto daquilo que semeamos. Que nossas ações refletem o nosso interior e nada somos sem o outro!
*Seus, na forma original da oração.