Então bom Natal (Como amar)
Hoje não vou falar de amor.
Existem grandezas absolutas as quais o homem pouco pode fazer, a não ser compreender e contemplar, como por exemplo o tempo, a gravidade e a luz.
Via de regra nenhuma atividade humana consegue isolar naturalmente tais elementos, exceto quando estamos diante daquilo que é sobrenatural.
E é para (re)conhecermos o sobrenatural, que nos é dado o divino dom de amar.
Por isso, esse não quero falar de amor. Quero falar de Deus e da sua maior força: a sua fraqueza em amar.
Porque ao contrário das paixões humanas, o amor de Deus, não se revela em um ato de poder, mas em um ato de renúncia. E isto faz de Deus não um soberano sem obrigações,mas um mendicante que o aproxima dos miseráveis do mundo e por isso os miseráveis
do mundo se aproximam de Deus.
Por amor, Deus, esvazia-se da sua própria divindade, e nega-se em atenção a nós para nos dar a possibilidade de não nos negarmos por Ele, tanto é que nos oferece seu filho para que, Ele mesmo, seja derrotado pelas violências do mundo.
Assim, seu Amor se transforma um mistério cada vez mais denso, ainda mais em uma sociedade,que ao exaltar a força, fica atordoada diante do poder da fragilidade. So assim, diante da libertação que o Amor proporciona, somos capazes de entender a aspiração à recusa da força, seja ela do Estado, com os seus aparatos de poder; seja da razão, com os seus paradigmas, seja da religião, com os seus dogmas.
Em Deus, todo amor é maior que nós.