Quero um ovo mesmo
Quinta-feira, 23 de dezembro de 2021, mais de 9 horas – 9h10, para ser exato. De folga pelo recesso natalino, após coar o meu cafezinho e tomar uns goles, passear um pouquinho com a She-Ra, minha cadela, e dar-lhe os remédios administrados diariamente por prescrição do médico veterinário, resolvo me entregar àquilo de que mais gosto, as atividades intelectuais, começando pelo rápido olhar das mensagens do Facebook, no computador, e do WhatsApp, no celular, que, aliás, também é um computador.
O dia está lindo, cheio de sol, o que alegra sobremaneira o admirador e amante da natureza que sou, conquanto eu admire e ame na mesma intensidade a ciência e a tecnologia. Sinto, graças a Deus, sossego e paz. E, assim, aliando um gostar com o outro, adentro a, ainda, grande bagunça particular que chamo de biblioteca. Retiro o celular da tomada, onde o pusera para carregar como faço todas as noites. Sento-me à mesa, ligo o computador e, sozinho, fico à vontade.
Assim, em um giro, sei lá, de mais ou menos 90º, deixo a contemplação das goiabeiras e demais árvores do quintal e dos passarinhos seus frequentadores, e passo a navegar na internet, ao mesmo tempo pelo computador e pelo celular – há muito, repito, um computador também. Leio rapidamente algumas mensagens das redes sociais, interagindo, como não poderia deixar de fazer, com os amigos e os leitores. Amo fazer isso!
Passados alguns minutos, deixo as redes sociais e pego, por acaso e sem propósito específico, o Habeas verba: português para juristas, de Adalberto J. Kaspary, um dos livros da minha biblioteca que, ao lado do Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, e do Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, leio quase diariamente. É só para não perder o hábito. São livros, digamos assim, de cabeceira.
Do Habeas verba, em que li, dentro outros, os verbetes “Leito de Procusto” e “Lugar incerto ou não sabido”, fui para minha página no Recanto das Letras, reler minha crônica “Um passarinho me sacaneou”. Aí estando, a penúltima frase do penúltimo parágrafo me fez rir ao me lembrar do tempo em que eu era assinante e leitor da revista Playboy, mais precisamente da piada do bêbado que não quis comer língua de vaca, por ser esta “uma coisa que sai da boca da vaca”, e, sem titubear, exigiu que a mulher lhe desse “um ovo mesmo”. Ser inteligente é outra coisa, meu! Manguaça é manguaça.