MUNDO DA LUA (2)
MUNDO DA LUA (2)
Hoje os olhos abriram-se as 03:40h, não adianta ficar deitado, sei que não vão fechar-se. Sequencia (saudade do trema), xixi, água na cara, escovar dente, calça de moleton, camiseta da General Salgado ( prova que participava antes da pandemia, tomara ocorra em 22 ), um tênis já gasto, passar um café e “avanti”para a caminhada diária de 10km.
Lá está ela, ainda cheia, hoje ainda não auroresceu e ela domina o palco, Dalva não lhe chega aos pés, é apenas coadjuvante. Vou pelo trajeto de sempre, vazio, silencioso, brisa fresca, respiração fácil, pés no chão, olhos atentos e cabeça livre para pensar e desfrutar cenários. Ando sempre no contra fluxo, por segurança, desfilo nas ruas e avenidas pelo leito carroçável ( carroçável é ótimo em tempos de burrice ), preciso precaver-me dos baladeiros que com suas máquinas voadoras e cérebros alcoolizados “pingam” no caminho. Vez por outra, uma viva alma ou um outro maluco, dá as caras e um bom dia é recitado. Hoje, duas visões chamaram-me a atenção:
- primeiro, já com o prenúncio da aurora notei a bela e frondosa sibipiruna, aquela árvore genuinamente brasileira que dá flores amarelas em sua copa. Estranhamente, metade da copa não está florida. Será que até a sibipiruna está dividida e polarizada? Essa sibi ( já a conheço há tempos, permito-me intimidade ) é antiga, pela dimensão do tronco deve ter mais de 50 anos, portanto, vacinada contra radicalismos, embora essa não seja a tônica vigente. Enfim...
- segundo, um flamboyan, lindo, majestoso, com suas flores vermelhas, aproximadamente 10 m, copa ainda maior, árvore de origem africana, Malgache, trazida ao Brasil no início do século XIX, mas me chamou atenção, como também em outros dias, pessoas dormindo sob sua guarida, cercados de restos de comida e roupas andrajosas. Tanta beleza e tanto desalento num só cenário.
O dia já nasceu, mas não para todos, até quando...