Quando adolescente eu fazia diários, comprava cadernos decorando suas páginas com decalcomania (quem se lembra?). Sentia-me uma jornalista numa missão, somado ao fato de sempre estar com a minha máquina Kodak Rio-400  à punho.  Quantas vezes,  no ônibus,  pegava meu caderno e começava a escrever sobre uma pessoa sentada  à minha frente, traçando um conto imaginário.

Escrever sempre foi um vício! Era tão comum nos meus livros de escola  encontrar, nas últimas páginas, poesias rabiscadas. Dos meus tempos de juventude  tenho 3 cadernos de brochura cheios delas, que, além de numeradas,  tem um índice. Cada poema tem ao lado as iniciais para quem eu o escrevia. Como eu era trágica! Naquele tempo eu chorava tão facilmente que minha mãe sempre dizia: "Minha filha, você tem talento para trabalhar em novelas da Globo!"

 

Quando o termina o ano, eu sempre compro um caderno bonito de capa dura, e nele eu escrevo meus sentimentos, poesias, preces, meditações, preocupações; de vez em quando encontro uma receitinha de bolo, uma senha de um site, o nome de um remédio miraculoso para a memória, ou de um creme imperdível que tira rugas até do pensamento.

Não consigo tirar férias das letras, porque se eu não corro atrás delas -  elas correm atrás de mim!

 

Tema: Letras em férias

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 21/12/2021
Código do texto: T7412180
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