FLORES DE PAPEL

Nossas repetidas observações nos criam peças, somos diretamente enganados pelo nosso sistema intuitivo.

Houve uma vez em que eu observava duas pessoas; uma estava vestida com roupas extravagantes, e tinha gestos espalhafatosos, como um louco

varrido, e a outra pessoa vestia um lindo e alinhado terno, de postura requintada, um lúcido cidadão; eles andavam pelo meu imenso jardim.

Então foi desta forma que os destingui!

Em um dado momento observei:

Aquele que parecia louco, encarou o homem lúcido, com um certo ar de incrédulidade sobre as suas atitudes.

O lúcido também encarou o louco, o julgando insano pelas suas atitudes e pontos de vista.

O não acreditar, é o enxergar com desconfiança, o que não nos é possível ou incomum.

No fundo percebi que os dois não se aceitavam

Nem tão pouco eu!

O louco achará a forma do outro ver a vida totalmente incompreensível.

Por outro lado, o lúcido via desequilíbrio na forma que o outro encarava a vida sem as suas regras.

A loucura não se limita onde a sanidade se apoia totalmente.

Estavam os dois deslumbrados com as flores, cada um do seu jeito...

Enquanto o lúcido as cheirava, o outro as comia, pétalas por pétalas.

Incompreensível para o insano cidadão; o porquê de ficar cheirando as flores para simplesmente capturar seu perfume, se poderia muito bem sentir o seu sabor.

E o outro acreditava na eloquência de alguém usar uma flor como alimentação.

Tais flores, para ele serviam apenas para colorir e permfumar o mundo.

Porém, a outra parte via aquele jardim como se fosse uma colorida horta de deliciosas guloseimas.

Mas enfim...

Nossos conceitos são traidores, nos enganam constantemente, vivemos tão arraigados no nosso mundo, que o carregamos com nossas verdades absolutas.

Digo isto como um grande observador :

Sou um artista plástico, estou expondo em uma grande galeria em Manhattan, onde criei um imenso jardim de flores de papéis.

Fico aqui observando a interação dos visitantes com minha arte.

Depois deste episódio visto, acredito não haver parâmetros que possam distinguir a loucura da sensatez.

Aquilo não não era definitivamente um jardim real!

( Do meu livro: Textos Avulsos)

( Autor: George Loez)

George Loez
Enviado por George Loez em 20/12/2021
Código do texto: T7411057
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