Entre pais e filhos
Meus pais sabem mais sobre campeonato de futebol ou capítulo de novela do que sobre seu próprio filho!!
É assim com vocês também??
Eles negam, quando confrontados, que idealizam os seus filhos e não querem reconsiderar, especialmente se um deles os afronta e decide mostrar o quão errados estão.
Eu chamei o meu pai de "louco", numa discussão, e ele comprovou que está um bocado fora da realidade, pelo menos em relação a mim, se eu já devo ter me tornado parte do seu sistema de crenças, junto à deus, Jesus e o "poder" da reza...
Eu sou muito introvertido e minha gagueira foi apenas parcialmente domada. Mas vocês nem imaginam que, num momento de nervosismo, durante a briga de sábado que nós três tivemos, comecei a gaguejar, comentei com a minha mãe sobre isso e ela fez pouco caso, sugerindo que estou exagerando ou... mentindo???
Sim!!
Eles pensam que eu minto sobre mim mesmo, quando eu mais quero me abrir, falar de mim, de quem eu sou, dos meus porquês, pra me explicar a eles...
Nem comento sobre a minha orientação sexual, mas, de qualquer maneira não teria importância se eles não querem acreditar em nenhuma das minhas verdades, apenas nas idealizações que fazem do mundo e de mim...
Por isso que eles pensam que eu não tenho emprego, que estou dependente porque quero, já que eu teria poder de escolha o que, na verdade, eu não tenho..
Pois se é horrível ter um transtorno mental por não ser visível para os outros: seus sofrimentos e limitações, imagine o quão invisível é ter uma amálgama de transtornos mentais e deficiências moderados??
Eu preciso pedir às pessoas que confiem nas minhas palavras. Mas nem meus pais me dão crédito!
Um pouco de paranoia aqui, de baixa autoestima e gagueira ali, muito de depressão existencial e de intolerância à irracionalidades e injustiças... e aqui estou, com a idade de Cristo, sendo crucificado em cada sermão repetitivo e ignorante.
Eu sei que você não está me vendo quando olha pra mim, mas eu tenho tudo isso, que faz minha vida mais difícil, minha adaptação mais complexa e complicada. Não é vitimismo, é autoconhecimento, pura e simplesmente. Não estou me vangloriando por saber mais de mim. Estou me queixando porque, quem me pôs no mundo, acha que eu sou mentiroso ou, no mínimo, dramático, mesmo que não afirme ou concorde, que, o que falo de mim não são tentativas precisas de autodescrição e mais, de pedidos de compreensão e ajuda. É como se os meus pais falassem uma outra língua. Bem, pode ser que seja isso, afinal, nossas personalidades e perspectivas de mundo são muito distintas.
Eles me toleram dentro de casa, sei que não me expulsariam, ou acho... mas eu só gostaria que eles me ouvissem e me entendessem, que deixassem de lado esse Thiago imaginário que cultivam em suas mentes e passassem a confiar no que eu digo sobre mim mesmo...
Não parece que estou pedindo muito.