O susto foi grande
Queria aproveitar as últimas horas de praia. O dia mal amanhecia. Queria fotografar as gaivotas, que voavam livres sobre o mar. Peguei minha Canon e fui, sozinha, cantarolando, Este seu olhar, de Jobim.
Ele era um cachorro de grande porte. Desses de rua, ou de praia, sem pedigree, sem dono, e chegou de repente e me lambeu o braço rosnando. Levei um tremendo susto. Fiquei com medo e procurei ficar sua amiga. Fui logo entabulando uma conversa com o pobre animal, pensei comigo, ali, abandonado, sem casa, sem comida. E continuei andando pela praia, porém, receosa. O infeliz não largava de mim. Qdo menos esperei o vi investindo contra um esportista que corria pela praia. Mas o rapaz conseguiu se safar do mesmo. Instantes depois, o vi rolando na areia, bravo, rosnando alto, feito louco. Em fração de segundos correu pro meu lado. Virou bicho. Ensandecido. Latia forte e me feriu a perna. Fiquei em estado de choque. Vi dois senhores nativos caminhando e gritei por socorro. Eles conseguiram enxotá-lo pra longe. Foi então que corri para entrada do Condomínio onde estava hospedada. Só vi que minha perna sangrava ao passar pela ducha para tirar a areia.. O medo, o susto, me deixaram cega e sem ação. Ao chegar em casa relatei o ocorrido ao meu filho e fomos direto pra Upa de Bombinhas. Lá me atenderam em caráter de urgência e risco. A pressão claro, estava nas alturas. O médico disse que o ferimento era superficial mas que precisava tomar a primeira das quatro doses da vacina anti-rábica e me encaminhou para o Posto de Saúde. Meu último dia de praia. Viajei quase dez horas com sintomas da vacina. Coisas que acontecem só pra quem está vivo. Louvo a Deus pelo livramento de um ataque pior. Não fossem os dois senhores, ele teria me triturado. Nada contra cachorros, mas este não foi meu melhor amigo. Passou longe disso...