Ponte dos cachorros
Ganhou outro nome na inauguração, com toda pompa e circunstância que a ocasião pedia para uma cidade do interior. Discurso do prefeito, vereador do bairro próximo, banda de música, pipoca e foguetório. Todos sabiam ser uma obra necessária, devido ao crescimento da região, ao fluxo de carros que circulava e se aventuravam pela precária ponte de madeira. Verdade seja dita, a primeira passagem do lugar eram tábuas dispostas quase tocando curso d'água e poucos corajosos se arriscavam. Segura mesmo era a ponte de concreto mais adiante. Quem transitava era alguns animados por algumas doses de cachaça ou os cachorros que andavam léguas por um namoro. "Habituês" locais eram as lavadeiras com as trouxas de roupa bem levada e passada. Enfim, pessoas que trabalhavam em um bairro e moravam no bairro mais pobre, as vilas. Aí, dá-lhe preconceito. Logo "batizaram" a passarela improvisada de Ponte dos cachorros. O Córrego que corta a cidade, tem lá seus dias de mau humor e quando se revolta com os limites impostos pela a urbanização mal planejada, invade as casas no seu entorno. Invariavelmente a "ponte" descia água abaixo e todos tinham o trajeto aumentado. O transporte na época era a carroça com tração animal até pouco antes da obra de engenharia. Uma ponte ligando os dois bairros com altura para suportar a vazão do córrego na época da cheia e forte para suportar a correnteza. A ponte ficou pronta e cumpriu se papel na ligação dos lados da cidade. Apesar do nome de um engenheiro italiano, poucos sabem o seu nome. Todos conhecem e usam a Ponte dos cachorros demonstrando o mesmo preconceito com as pessoas que lá residem. Hoje fiz esse trajeto e decidi ver a placa para saber o nome da ponte: "Luiz Baccarini". Respeito a obra, á ponte pelo ato de unir cidadanias! Todas são importantes.