Des(canso)
Todo final de ano tem gente que se sente bem, mal, refém dos feriados, injustiçado, indiferente, agradecido, saudoso, nostálgico, apático, esperançoso, ansioso, estressado, angustiado, se sente ausente e na obrigação de estar presente.
Eu sinto tudo isso e mais um pouco. Faço 31 esse mês. Não digo o dia, não quero. Assim como muitos, meu 2020 e 2021 não foi lá aquelas coisas (isso com muito otimismo) e pra dizer o bem da verdade eu sabia que tudo isso ia acontecer. Desde jovem eu ouvia 2021/2022 com algum pesar. Dito e feito. Tenho somente minha mãe viva e às vezes me dá falta de ar em pensar perdê-la mesmo ela dizendo que quando "tudo isso acabar" vai fazer uma viagem à Europa ou Nova York. A vida da filha única ansiosa não é fácil.
Sai do emprego que não era meu sonho e incrivelmente levei muitos nãos nesses 2 meses de desemprego. Tadinha né? Como se eu não soubesse o penhasco que me soltei. (Sim, é uma referência da música da menina loira lá).
Meu marido me acalma constantemente, estou fazendo exercício físico todos os dias os quais não me impedem de ter uma crise de compulsão alimentar. Tô com zumbido no ouvido, a obra dos apartamentos do lado não termina e juro que o pedreiro já me viu de pijama pois eu sou míope e estava sem óculos e não o percebi da janela da minha cozinha. Agora tenho uma garrafa escudeira que levo junto com meu celular pra tudo quanto é canto só pro bonito não me ver. Perdi a privacidade dentro de casa.
Enfim, 2022 não me parece muito promissor.
Mas 2016 também não parecia e perdi meu pai. Em 2017 quase me entrego total pra depressão mas consegui um emprego, 2018 marasmo total, 2019 foi o meu ano. 2020. 2021. 2022... Que eu tenha algo pra escrever sobre você meu querido, que seja leve e bonito ou no mínimo, que eu consiga vencê-lo.