Era Dezembro
E fazia frio, nada que não fosse suportável, mas frio.
O sol teimava em surgir; era ofuscado por nuvens e ficava um dia assim, sem aquele calorzinho gostoso de fim de ano que nos deixa mais amenos para as agruras cotidianas.
Um tempo houve em que essas pequenas variações climáticas – e de humores – pouco ou nada me diziam. Queria somente fazer o que precisava ser feito, sem dar tanta atenção ao dia, ou a noite, ou ao tempo que passava – ou não passava, teoricamente não passava.
Agora, se há algo palpável é esse incômodo constante que deixa tudo ao redor gris. Há o relógio mostrando que as horas são apenas as horas, de uma simplicidade arrasadora e nada vem, nada vai, só a incerteza fica;
aporrinhando, latente. Em mim.
Eu falo tão pouco. Sei não se é nada a dizer; seja talvez.
Um vazio, um nada; um nada.