Era Dezembro

E fazia frio, nada que não fosse suportável, mas frio.

O sol teimava em surgir; era ofuscado por nuvens e ficava um dia assim, sem aquele calorzinho gostoso de fim de ano que nos deixa mais amenos para as agruras cotidianas.

Um tempo houve em que essas pequenas variações climáticas – e de humores – pouco ou nada me diziam. Queria somente fazer o que precisava ser feito, sem dar tanta atenção ao dia, ou a noite, ou ao tempo que passava – ou não passava, teoricamente não passava.

Agora, se há algo palpável é esse incômodo constante que deixa tudo ao redor gris. Há o relógio mostrando que as horas são apenas as horas, de uma simplicidade arrasadora e nada vem, nada vai, só a incerteza fica;

aporrinhando, latente. Em mim.

Eu falo tão pouco. Sei não se é nada a dizer; seja talvez.

Um vazio, um nada; um nada.

Luizinho Trocate
Enviado por Luizinho Trocate em 15/12/2021
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