Debate sobre a maldita moeda de troca
Bar na esquina de um bairro qualquer, cinco da tarde, várias vozes em uma mesa.
- E o preço da carne?
- A situação ta difícil.
- Não para de aumentar.
- E as contas de luz, água, gás vão à galope.
- E as prestações da casa, do carro, do chuveiro elétrico, do sofá novo, do ...
- É só não pagar - declarou imperiosamente um sujeito que até então permanecia calado.
- Ora bolas, como assim não pagar?
- Ora, não pagando.
- E o banco não virá atrás de mim?
- Pois não o pague também.
A ousadia do indivíduo deixou o estabelecimento perplexo.
- Mas e se ninguém mais pagar ninguém, o que vamos virar?
- Exatamente, ira virar uma zorra - Imediatamente concordou o amigo do sujeito que não está familiarizado com rupturas.
- Deixe que vire.
- O patrão também não irá nos pagar, se o produto da firma não está vendendo.
- Que não pague.
- E como arranjarei comida, itens de higiene e tudo mais. Responda-me homem.
- Bom, você pode negociar. Faça um serviço para o padeiro e ele lhe dará em troca. E assim, vamos indo. Acabamos com isso de dinheiro, que é a raiz de todo mal.
- Olha, até que isso faz um pouco de sentido.
- Cada um trabalha com trocas, só trabalhamos para o que necessitamos, assim acaba a riqueza, a acumulação de capital, e os pecados capitais.
- Mas veja só, estou passando a concordar contigo.
- Poderíamos começar a por essa ideia em prática já aqui na conta do bar.
Todo mundo riu, menos o dono do bar.
- Só que veja, e se eu precisar de uma consulta mas o médico não precisar do meu serviço?
- Aí deveria haver uma espécie de vale-serviços. Um papel que simbolizasse esse seu esforço.
- Exatamente, você remuneraria o médico com esses vales que você conseguiria trabalhando para outras pessoas durante a semana.
- E caso você juntasse bastante vales, poderia comprar uma casa, um carro, quem sabe.
- Isso!
Após um tempo de reflexão, o cidadão que levantou inicialmente a questão indagou:
- Não sei pessoal, parece que esse sistema que criamos me é familiar.