Uma cifose reflexiva
Milhares de pessoas, todos os dias, buscam alguma frase que as façam sentir vontade de continuar. Acreditar na vida é um sentimento tão singelo quanto crer na inocência de uma criança. Mas, tal qual existem aqueles que não ligam para crianças, igualmente há também aqueles que muito pouco olham para a vida. E eu, infelizmente, não sou um deles.
Há uma ingratidão muito indigna na minha visão de mundo, que me fez perceber que um homem que muito pensava sobre a existência humana, morreu aos 42 anos (Kierkegaard). Enquanto uma mulher, atenciosamente, vislumbrava a beleza daquilo que há de superior- os astros cósmicos- e, morreu apenas aos 97 (Caroline Herschel).
Assim como é acidental refletir que alguém de alma "grande" (questione Pessoa, não eu) vive experiências que valem a pena, também o é acreditar que essa marmota que fede a chorume ou a alfazema, dependendo do momento, vale a indignação de alguém na Dinamarca ou no sertão do Piauí mais que a curiosidade astronômica de uma alemã.
Nada vale a pena, tudo vale a pena, algumas coisas valem a pena. Não interessa! A vida passa e o que fica são as dores, as desilusões, as alegrias, o carinho no pet e a maldição de uma cifose. Maldita cifose! Estraga minha postura, me faz escrever e daqui a três ou quatro anos, me arrepender de ter escrito algo no calor do momento.