Juntos, nos caminhos da Vida!

O meu coração estava partido, e não era apenas o meu. Todos os demais discípulos d'Ele experimentavam a mesma frustração.

Afinal, durante os quase três últimos anos seguimos os seus passos, ouvimos os seus ensinamentos e testemunhamos inúmeros milagres, inclusive coisas espantosas como a ressurreição do jovem Lázaro de Betânia, ou a ressurreição daquele outro rapaz, filho da viúva de Naim que já estava sendo conduzido para o sepultamento e Jesus lhes devolveu a vida.

Essas coisas não acontecem todos os dias, nem mesmo em todos os lugares ou para todas as pessoas. Talvez seja esta a razão maior da minha frustração, pois pensava comigo mesmo: *"Aí está a solução para todos os nossos problemas! Ninguém mais teria condições de fazer o que esse Mestre está fazendo. Por isso vou segui-lo!"*

Lembro-me muito bem que Jesus, certa ocasião, deixou-nos e subiu ao monte das Oliveiras onde passou a noite em oração. De manhã, retornando para a nossa companhia ele reuniu todos os que o seguiam e, dentre estes, selecionou nominalmente doze discípulos para permanecerem mais próximos dele.

Aquele foi, para mim um dia difícil. Afinal, pensava eu, o que aqueles doze tinham que eu também não tivesse? Por que apenas eles? Por que doze discípulos e não treze? Por que não fui também escolhido?

E não é isto que também acontece com você quando está identificado com um determinado grupo? Entre ser "preferido" e ser "preterido", o que é que mais te dá satisfação pessoal?

Na verdade, ninguém gosta de ser preterido. Isto magoa, e quando ocorre diante de outros, então, machuca muito mais porque nos sentimos ofendidos e a nossa auto-estima cai para níveis muito abaixo do suportável.

Exatamente por causa disso que eu afirmei ter sido aquele dia, muito difícil para mim!

No entanto, parece até que o Mestre leu os meus pensamentos e o meu coração. Além dos doze que tinham sido escolhidos para permanecer ao seu lado, o Mestre dirigiu-se à multidão e designou, também nominalmente, setenta outros discípulos que foram enviados às cidades e vilarejos com uma missão específica, ou seja, anunciar que o Reino dos céus havia chegado.

Você quer saber? Sim, eu estava entre estes setenta discípulos que saíram pelas estradas, vilarejos e cidades anunciando que Ele, o Messias, havia chegado.

Eu jamais me sentira tão importante! Receber a incumbência de sair pelas vilas e povoados para anunciar a realidade da chegada do Messias como cumprimento de todas as profecias a respeito dele, durante tanto tempo aguardado e anunciado pelos profetas de Israel era um privilégio.

Observar os resultados de transformação na vida de pessoas que acolhiam a mensagem em seus corações era, para mim, a comprovação de que Jesus estava inaugurando, de fato, o reino de Deus na Terra.

Um dia, quando retornei de uma das minhas incursões pelas aldeias, reunido aos demais que tinham sido enviados, relatamos a Jesus, com alegria, os resultados obtidos na transmissão daquele Evangelho. Diante do nosso relatório, a resposta dele foi:

"Alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus."

Desde então, tive a certeza de que a minha decisão de seguir a Jesus tinha sido a coisa certa a ser feita! Mas, alguma coisa me intrigou naquela palavra de Jesus. Eu ainda não consigo entender, e indago para mim mesmo:

Por que o foco da nossa alegria não pode ser o sucesso do nosso empreendimento?

Quem não se alegra quando, a despeito das oposições, das incompreensões e até mesmo da inveja ou do ciúme, tudo quanto faz encontra pleno e absoluto sucesso?

Os dias foram passando e naquela semana, imediatamente antes da celebração da Páscoa, Jesus chamou os discípulos mais próximos e os reuniu no cenáculo da casa de Zebedeu e Salomé para dizer-lhes que o tempo da sua partida deste mundo já estava próximo.

Claro que todos ficamos preocupados, mas tudo quanto ele disse aconteceu, exatamente como também fora dito pelos profetas. Jesus foi preso, foi covardemente açoitado, pessoas zombaram dele e o crucificaram como um malfeitor qualquer desprezando todo o bem que ele fizera ao povo durante os seus últimos três anos de vida.

Meu coração estava triste e preocupado, pois, antes da sua morte Jesus dissera que todos os seus discípulos poderiam também sofrer perseguição e enfrentariam, inclusive, a possibilidade de serem mortos.

Por isso, minha esposa e eu saímos de Jerusalém e caminhávamos na direção de Emaús quando um desconhecido se aproximou de nós caminhando na mesma direção e, observando a nossa preocupação, perguntou o motivo de tanta tristeza.

Conversamos um pouco sobre os acontecimentos havidos em Jerusalém durante os últimos dias, e ele, então, demonstrando profundo conhecimento das Escrituras, confortou-nos com a mensagem de esperança acerca da ressurreição de Jesus.

Chegamos em Emaús e, como já era muito tarde, convidamos aquele ilustre desconhecido para passar a noite conosco. Entramos em casa, nos assentamos à mesa e, antes da refeição ele tomou o pão, deu graças e quando mal percebemos, ele já não se encontrava mais conosco.

Isso pode parecer ridículo, não é mesmo? No entanto, foi a minha experiência com Jesus.

A dor, a tristeza, as preocupações, as dúvidas e as incertezas quanto ao futuro, mesmo que sombrias, nada disso pode ofuscar a ESPERANÇA fundada nas promessas de Jesus para o ser humano.

Tudo quanto foi escrito a respeito d'Ele cumpriu-se cabalmente no Calvário, no primeiro século da nossa Era. E tudo o que ainda está predito sobre Ele, inclusive a Sua promessa de que voltará para nós a fim de que estejamos para sempre com Ele também encontrará o seu cumprimento.

Eu me chamo Cleopas! Segui a Jesus e fui um dos seus discípulos durante todo o seu ministério terreno. Minha vida foi transformada por Ele e eu não poderia deixar de encorajar você a segui-lo também.

Que Jesus te abençoe!

Pr. Oniel Prado

Primavera de 2021

12/12/2021

Brasília, DF

Oniel Prado
Enviado por Oniel Prado em 13/12/2021
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