O MISTÉRIO DA CARTEIRA PERDIDA
Essa história é real e aconteceu comigo ontem. Resolvi dar uma caminhada pela manhã e fiz os procedimentos de praxe: coloquei o celular num bolso da bermuda e a carteira no outro. Desço do prédio e quando estava chegando na esquina descubro que estou sem a carteira. Volto ao apartamento pra pegá-la, supondo que esqueci em casa. Não estava no lugar habitual. Volto à rua e refaço o pequeno trecho percorrido na esperança que tenha caído. Nada de encontrar. Retorno ao apartamento e no caminho pergunto aos funcionários do prédio se acharam. Resposta negativa. Reviro o apartamento de cabeça pra baixo, vou a todos lugares possíveis e impossíveis, e nada da tal carteira, que inclusive o meu pessoal também não viu. Fiz um inventário do que tinha nela pra avaliar o prejuízo.
A própria já estava bem capenga, precisava mesmo de uma nova. Tinha uns R$ 60, CNH já vencida, carteirinha do convênio médico, Bilhete Único do ônibus que anteontem carreguei com R$ 40 e algo de muito valor: um pedaço de unha de uma cachorrinha amada que perdi, Mel, e guardei de recordação dela junto com a sua foto. Também tinham poucos cartões de visita da minha Editora, o cartão do banco (que só pode ser usado com biometria e senha) e outras coisas sem maior importância.
Insisti em revirar o apartamento, pois tudo indica que deixei em casa. Se tivesse caído do bolso da bermuda naturalmente teria percebido. Nada de achar. Fui pra academia com meu filho David, pois tudo indicava que a perdi mesmo.
Fiz então mentalmente uma "entrega" da carteira, desejando para quem a tivesse achado, se foi esse o caso, que fizesse bom proveito dos R$ 60.
Depois pensei na possibilidade de achá-la ainda em algum lugar inusitado no apartamento. Lá fui eu à cata dela, em vão.
Por fim pensei que talvez tivesse sido obra de alguma mão divina que a fez sumir com alguma intenção, sabe-lá-qual. Nem tudo tem explicação racional e lógica.
Agora escrevendo essa crônica, me dei conta do que tinha realmente valor e que me fará uma falta danada.
O pedacinho da unha da querida Mel, que levava sempre comigo, como uma espécie de amuleto.
Aí bateu uma tristeza danada, deu até vontade de chorar.