O devedor
Ele estava fazendo umas comprinhas numa loja de conveniências. De repente a surpresa:
─ Consta em nosso sistema um débito em seu nome. Será preciso regularizar sua situação, senhor.
─ Débito? De quê?
─ Não sei informar... O nome do senhor está constando aqui como devedor.
─ Não é possível. Tem algo errado aí.
Precisou ir até a Secretaria de Atendimento aos Consumidores para verificar o motivo deste imbróglio.
─ Só pode ser um erro no sistema... Eu pago as contas religiosamente em dia...
─ Lamento... Mas realmente o senhor terá que resolver na Superintendência.
Saiu indignado rumo à Superintendência de Serviço aos Devedores. Não havia erro: era um devedor. Explicaram-lhe que as informações são colhidas diretamente do banco de dados do DCDN (Departamento de Controle dos Devedores Nacionais). Conseguiu agendar um atendimento junto ao DCDN para o mês seguinte. Durante este período, estava impossibilitado de realizar compras no cartão. O motivo: débitos.
Era um sujeito extremamente honesto. Pagava as contas sempre bem antes do vencimento para não ter qualquer tipo de aborrecimento. Não sabia o que havia acontecido. “Tudo não passa de um grande engano”, pensou. Começou a receber uma enxurrada de intimações judiciais. Já não podia comprar mais nada em seu nome. Apesar disso, ele confiava que tudo seria resolvido.
Depois de inúmeras idas sem êxito a vários órgãos competentes, foi ao Centro de Informações dos Devedores Nacionais do Banco de Gerenciamento Financeiro da União. Lá, rastrearam todas as transações financeiras ao longo de sua vida e não encontraram nada que pudesse justificar o motivo de ser tachado de devedor. Saiu de lá com uma certidão de Nada Consta. Estava finalmente aliviado. Na saída, foi morto a mando de um agiota que o acusara injustamente de uma dívida milionária.