À MINHA PRIMEIRA PROFESSORA

Enfim estava de saída de meu convívio familiar.

De cara, encontrei a primeira pessoa adulta “estrangeira” que viria a ter o poder do SIM e do NÃO no norteamento de minha vida.

Assustei-me!

Não entendia porque teria de cumprir regras que não as sugeridas (ou impostas) por aqueles que me conduziam pelo laço e pelo afeto e pelo telhado em que me aconchegavam.

Aos poucos, com calma, comprometimento e dom divino, ela, além do sim e do não, foi me apresentando um mundo diferente que me cabia, me recebia e iria moldar-me para o resto de minha vida.

Aos poucos, ela pegava minha mão, conduzia minha mão, desenhava por minhas mãos o quase poeta que sou. Mais do que ensinar-me as primeiras letras, embalou meus primeiros e inesquecíveis sonhos que venho buscando desde então.

Ela, mais do que professora, foi minha educadora, minha cuidadora, minha psicóloga, minha companheira, minha mãe e confidente. Ela me ensinou o segredo que abre portas para o mundo da magia e encantamento que o reino das palavras traz em si.

Ontem, reencontrei-a depois de anos.

Como foi bom receber novamente seu abraço, sentir a doçura de sua voz reavivando tanta memória aconchegada no cômodo mais ensolarado de minha alma.

Voltei para casa, sendo criança novamente!

Assustei-me!

Olhinhos aflitos tentando decifrar porque o mundo nos aproxima, se depois nos leva à distância física, ainda que os laços abstratos (tão concretos!) se eternizem, a despeito do tempo e da geografia

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 11/12/2021
Código do texto: T7405033
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