À MINHA PRIMEIRA PROFESSORA
Enfim estava de saída de meu convívio familiar.
De cara, encontrei a primeira pessoa adulta “estrangeira” que viria a ter o poder do SIM e do NÃO no norteamento de minha vida.
Assustei-me!
Não entendia porque teria de cumprir regras que não as sugeridas (ou impostas) por aqueles que me conduziam pelo laço e pelo afeto e pelo telhado em que me aconchegavam.
Aos poucos, com calma, comprometimento e dom divino, ela, além do sim e do não, foi me apresentando um mundo diferente que me cabia, me recebia e iria moldar-me para o resto de minha vida.
Aos poucos, ela pegava minha mão, conduzia minha mão, desenhava por minhas mãos o quase poeta que sou. Mais do que ensinar-me as primeiras letras, embalou meus primeiros e inesquecíveis sonhos que venho buscando desde então.
Ela, mais do que professora, foi minha educadora, minha cuidadora, minha psicóloga, minha companheira, minha mãe e confidente. Ela me ensinou o segredo que abre portas para o mundo da magia e encantamento que o reino das palavras traz em si.
Ontem, reencontrei-a depois de anos.
Como foi bom receber novamente seu abraço, sentir a doçura de sua voz reavivando tanta memória aconchegada no cômodo mais ensolarado de minha alma.
Voltei para casa, sendo criança novamente!
Assustei-me!
Olhinhos aflitos tentando decifrar porque o mundo nos aproxima, se depois nos leva à distância física, ainda que os laços abstratos (tão concretos!) se eternizem, a despeito do tempo e da geografia