Crônica do adeus
Aluu! Iterluarit kumoorn meus 23 fiéis leitores e demais 36 que de quando em vez passam aqui pelo meu porto literário a fim de lacrimegarem os olhos com crônicas de despedida. Ajungilla?
"Quero ver o passaredo pelos portos de Lisboa, voa, voa, que eu chego já".
Os Navegantes do passado eram os legítimos aventureiros, arriscavam a vida e, a maioria, morria mesmo. Os portuguesas eram os melhores de todos e Portugal era a grande potência do mundo. Entretanto, hoje sabemos que, mais do que os pássaros no porto da capital da Lusitânia, os marujos enfrentavam o destino capital querendo ver as índias peladas e sexualmente liberadas da Terra de Vera Cruz, ao contrádio das pudicas, entrouxadas e inacessíveis raparigas lisboenses. Logo, o prazer assustava menos e seduzia mais do que o capital, seja no sentido econômico ou final.
"Navegar é preciso, viver não é preciso".
Foi o que escreveu Fernando Pessoa. Minha grande dúvida quanto ao sentido do poema: a palavra "preciso" tem o sentido de "necessidade" ou de "certo"? O que o Fingidor quis dizer? Que navegar era uma necessidade e viver não, ou que navegar era algo certo e, a vida, incerta? O fato é que, para os portugueses dos anos 1500, navegar era, em grande parte, morrer. Navegar era geometricamente muito mais letal do que a covid-19, por exemplo. Logo, bravios os libidinosos aventureiros lusitanos. Transar é preciso, viver não é preciso, em que sentido for preciso.
"Nos naufrágios do destino, aprendi a navegar".
Método da tentativa + erro = aprendizado. Ok, funciona na escola, mas no mar os erros fatalmente custariam a vida. Ou seja, ou o marujo nascia sabendo, assim como a criança nasce sabendo respirar, ou babaus. Não havia recuperação, o professor oceano só conhecia o método de ensino do Antigo Testamento. Perguntem pro faráo do Egito como a harpa soava naqueles tempos em que as pragas assolavam e que o Mar Vermelho abria e fechava...
"Quem parte leva a saudade de quem fica chorando de dor. Ai ai ai ai, está chegando a hora. O dia já vem raiando meu bem Eu tenho de ir embora".
Sim, mas haviam os marujos que, apaixonados pelas jovens esposas e pelos filhos, singravam os mares em busca de maior dinheiro e prestígio para darem o mehor para sua família. Deixavam-na chorando no porto de Lisboa, com os pássaros por testemunhas, e a dor da saudade e o caráter os impediam de sonhar com e tocar as índias desnudas nas terras do pau brasil. O problema aqui é que o "até mais" poderia ser um "adeus". Sim, existia integridade naqueles tempos, assim como ainda a podemos encontrar hoje. Nem tudo era e nem é apenas putaria e sexo nesse mundo sensual e bestial, ainda existem valores e pessoas valorosas, que praticam o calor humano que vem do coração, mais acolhedor do que a mera chama efêmera decorrente da fricção genital à dois. O amor não é uma chama, é uma plenitude.
"Não vá embora meu bem, não vá embora, se você for eu vou chorar a vida inteira".
Sim, o adeus significava chorar a vida inteira. As jovens viúvas - assim como a mãe de Pessoa - até arranjavam um novo casamento, mas um outro marido tão bom como aquele virtuoso navagante, ah, isso já era difícil nesse mundo de sexo e putaria. Porque, seja em terra firme ou em alto mar, homem é homem, né, a maioria xibungo - cocô de pássaro no cais. Existem poucos como este Bacamarte por aí, minhas caras, um homem preciso e afeito à pedagogia do Novo Testamento, para o qual vale a pena entregar o coração e pelo qual não são desperdício as lágrimas de adeus.
Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!
----- * -----
Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com
(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)
CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores:
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862
GLOSSÁRIO KALAALLISUT:
Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.
Ajuungila - Como estão?
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.
Antônio Rollim Fernando de Braga Bacamarte
Aluu! Iterluarit kumoorn meus 23 fiéis leitores e demais 36 que de quando em vez passam aqui pelo meu porto literário a fim de lacrimegarem os olhos com crônicas de despedida. Ajungilla?
"Quero ver o passaredo pelos portos de Lisboa, voa, voa, que eu chego já".
Os Navegantes do passado eram os legítimos aventureiros, arriscavam a vida e, a maioria, morria mesmo. Os portuguesas eram os melhores de todos e Portugal era a grande potência do mundo. Entretanto, hoje sabemos que, mais do que os pássaros no porto da capital da Lusitânia, os marujos enfrentavam o destino capital querendo ver as índias peladas e sexualmente liberadas da Terra de Vera Cruz, ao contrádio das pudicas, entrouxadas e inacessíveis raparigas lisboenses. Logo, o prazer assustava menos e seduzia mais do que o capital, seja no sentido econômico ou final.
"Navegar é preciso, viver não é preciso".
Foi o que escreveu Fernando Pessoa. Minha grande dúvida quanto ao sentido do poema: a palavra "preciso" tem o sentido de "necessidade" ou de "certo"? O que o Fingidor quis dizer? Que navegar era uma necessidade e viver não, ou que navegar era algo certo e, a vida, incerta? O fato é que, para os portugueses dos anos 1500, navegar era, em grande parte, morrer. Navegar era geometricamente muito mais letal do que a covid-19, por exemplo. Logo, bravios os libidinosos aventureiros lusitanos. Transar é preciso, viver não é preciso, em que sentido for preciso.
"Nos naufrágios do destino, aprendi a navegar".
Método da tentativa + erro = aprendizado. Ok, funciona na escola, mas no mar os erros fatalmente custariam a vida. Ou seja, ou o marujo nascia sabendo, assim como a criança nasce sabendo respirar, ou babaus. Não havia recuperação, o professor oceano só conhecia o método de ensino do Antigo Testamento. Perguntem pro faráo do Egito como a harpa soava naqueles tempos em que as pragas assolavam e que o Mar Vermelho abria e fechava...
"Quem parte leva a saudade de quem fica chorando de dor. Ai ai ai ai, está chegando a hora. O dia já vem raiando meu bem Eu tenho de ir embora".
Sim, mas haviam os marujos que, apaixonados pelas jovens esposas e pelos filhos, singravam os mares em busca de maior dinheiro e prestígio para darem o mehor para sua família. Deixavam-na chorando no porto de Lisboa, com os pássaros por testemunhas, e a dor da saudade e o caráter os impediam de sonhar com e tocar as índias desnudas nas terras do pau brasil. O problema aqui é que o "até mais" poderia ser um "adeus". Sim, existia integridade naqueles tempos, assim como ainda a podemos encontrar hoje. Nem tudo era e nem é apenas putaria e sexo nesse mundo sensual e bestial, ainda existem valores e pessoas valorosas, que praticam o calor humano que vem do coração, mais acolhedor do que a mera chama efêmera decorrente da fricção genital à dois. O amor não é uma chama, é uma plenitude.
"Não vá embora meu bem, não vá embora, se você for eu vou chorar a vida inteira".
Sim, o adeus significava chorar a vida inteira. As jovens viúvas - assim como a mãe de Pessoa - até arranjavam um novo casamento, mas um outro marido tão bom como aquele virtuoso navagante, ah, isso já era difícil nesse mundo de sexo e putaria. Porque, seja em terra firme ou em alto mar, homem é homem, né, a maioria xibungo - cocô de pássaro no cais. Existem poucos como este Bacamarte por aí, minhas caras, um homem preciso e afeito à pedagogia do Novo Testamento, para o qual vale a pena entregar o coração e pelo qual não são desperdício as lágrimas de adeus.
Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!
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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com
(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)
CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores:
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862
GLOSSÁRIO KALAALLISUT:
Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.
Ajuungila - Como estão?
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.
Antônio Rollim Fernando de Braga Bacamarte