FOI ASSIM ... Capítulo IV
Capítulo IV
O casamento
Por aqueles dias, outro obstáculo se manifestou: Um concorrente. Um jovem advogado, que já há algum tempo tentava tomar o meu lugar no coração de minha noiva. Com a proximidade do casamento ficou mais alvoroçado, mas nada conseguiu. Se contentou em nos mandar um belo presente. Acredito que, com ele, ela teria tido uma vida mais tranquila, mas eu representava o karma que ela teria que enfrentar, e quanto a isso nada se pode fazer.
No dia e hora combinados, lá estava eu na porta da igreja de São Pedro, em companhia apenas de uma prima, que é quem acertara os detalhes com a igreja. Só fui saber no altar que seria um casamento coletivo. No altar, juntamente com a minha, outras cinco noivas me esperavam. Antes que fiquem pensando coisas, apresso-me em corrigir: Esperavam com seus noivos. Assim mesmo. Num casamento normal, de apenas um casal, o noivo fica no altar feito um poste e a noiva o deixa esperando por uma meia hora, que é para que ninguém pense que estava louca pra casar. Após a cerimônia fomos para a casa do meu sogro onde foram servidos os comes e bebes, depois do que nos dirigimos para a residência de meu pai, que morava sozinho e nos cedeu um quarto para ficarmos, enquanto alugávamos um cantinho só nosso.
Tudo que pudemos comprar com o pequeno salário que eu ganhava era muito simples: Uma mesa, quatro cadeiras, uma cama de casal e uma cristaleira. O fogão foi presente do sogro. Afora isto, alguns pratos, panelas, talheres ... parece pouco, mas para nós era mais que suficiente.
Ficamos pouco tempo na casa de meu pai. Uns quatro meses depois consegui alugar uma pequena casa numa vila e nos mudamos pra lá. Lembro que nossos vizinhos adoravam um joguinho de cartas (sueca) e isto proveu a nossa necessidade de algum lazer, coisa que meu salário não poderia bancar naquela época. A memória já me falha e não lembro o motivo pelo qual não demoramos mais que alguns meses neste local. Mudamos para uma casa bem melhor. Ficava numa avenida movimentada, onde depois abrimos um simulacro de um salão de beleza onde a minha esposa cortava cabelos e executava pequenos serviços de manicure. Isto foi de grande ajuda naquele momento, porquanto eu acabara de ser dispensado do emprego. Não houve nem tempo de desfrutarmos a nova residência nem a consolidação de uma freguesia no salão. Eu havia rapidamente conseguido um emprego na Cia. Construtora do Nordeste, que era administrada pela Engenharia do Exército, porém nele o salário era incerto. O pagamento dependia da liberação de verbas. Às vezes passava dois meses sem receber. Tivemos que ir morar na casa do sogro. Tudo em nossa vida mudava drasticamente em curtos espaços de tempo. Em menos de dois anos já era a terceira mudança de endereço. (continua)