FOI ASSIM ... Capítulo III
CAPÍTULO III
A Permissão
As pessoas, quando bebem, costumam mudar de personalidade. Umas ficam valentes, umas ficam fingindo que são ricas, e outras ainda, ficam alegres e felizes. Com meu sogro acontecia este último comportamento, tanto que dois dias depois, como estava previsto, quando regressou de sua viagem, havia, para sorte minha, tomado algumas cervejas e estava de ótimo humor. Ao encontrar-me em sua sala aboletado no sofá, chamou o resto da família, que eram sua esposa, um filho e duas filhas, e falou, enquanto apontava para mim: - Este é o Garcia e de hoje em diante está autorizado a frequentar nossa casa. Não vou mais interferir no namoro deles.
No dia anterior havíamos combinado de aproveitar a ocasião para já ficarmos noivos, por que assim ficaríamos mais tranquilos, e eu já estava com as alianças no bolso naquele momento. Dentro de minutos tudo mudou para nós. Tivemos as briguinhas normais de namorados, pequenos desentendimentos, ciúmes, mas nada nos impediu de seguirmos em frente rumo ao nosso destino.
Algumas coisas não mudaram: Não podíamos nem sentar juntos no sofá. Tínhamos que sentar em duas cadeiras separadas. Durante muito tempo foi assim naquela dureza. Dois anos depois do nosso noivado, quando faltava apenas uma semana para o casamento, não obtivemos permissão para ir ao cinema numa tarde de sábado. Na ocasião, lembro que fiquei tão aborrecido com meus sogros que só voltamos a nos encontrar uma semana depois, na porta da igreja. Quem foi noivo e casou sabe que uma semana antes do casamento sempre há inúmeras decisões a serem tomadas para que nada fique para última hora. Conosco as coisas sempre aconteciam de modo diferente das outras pessoas. Uma situação destas não seria sequer imaginada nos dias de hoje, mas se teve que ser assim, é porque estava escrito no livro de nossas vidas.