O MOMENTO POLÍTICO
Recentemente foi destacada notí-
cia nos jornais da nossa Capital sobre os 60 anos do Movimento da Legalidade.
Ainda lembro perfeitamente do
discurso do Brizola na sacada do
Palácio Piratini tendo a seu lado
o famoso deputado Tenório Ca-
vacante exibindo sua Lurdinha (metralhadora ina)e a multidão
lotando a praça da Matriz vibrando com o gesto do político.
Outro dia eu um colega que era o contrabaixista do Conjunto Melódico Moulin Rouge, quando estávamos conversando no Largo
de Medeiros, fomos convidados pra participar de uma reunião de
intelectuais no auditório de uma
companhia de teatro onde foi
estabelecido um debate sobre o
momento político.
O clima era de muita tensão pois
ouvíamos falar que Porto Alegre
poderia ser bombardeada.
Participamos dessa reunião por
mera curiosidade pois tanto eu
quanto o meu amigo éramos tão
alienados politicamente que
quando saímos dali, fomos direto
tomar uns Chopps num barzinho
que havia naquelas imediações,
mesmo na expectativa de sermos
bombardeados.
Naquela época eu fazia parte do
cast de cantores da Rádio Farroupilha quando fomos convi-
dados pra fazer a primeira grava- ção do Hino da Legalidade, fato
marcante em nossas vidas.
Esses dias, pensando na Porto A-
gre dos anos 50, lembrei do Largo
de Medeiros bem antes de ser o
local de encontro dos músicos.
Entre a rua Gen. Câmara e a praça
da Alfândega, o Café Central e ao
lado o cinema central.
No café podia-se ver as mesas re-
dondas de mármore onde os pro-
pagandistas de remédios ficavam
alí tomando cafezinhos.
Havia também na rua da praia o
bar Pelotense. Alí era local de
encontro do nosso pessoal do
Moulin Rouge, onde o líder do gru-
po fazia o nosso pagamento re-
lativo aos bailes de sábados.
Boa parte do que recebíamos in-
vestíamos num papo agradável
temperado com muitos Chopps
e bolinhos de bacalhau enquanto
ouvíamos a voz rouca e marcante
do velho garçon Salzano
atendendo a clientela.