"Patrocinadores e nomes de estádios"

O futebol é um esporte apaixonante, mas exatamente por ser apaixonante, é um grande negócio, altamente rentável. E quem patrocina, dita as regras. Sim, porque o próprio núcleo etimológico da palavra "patro" cínio, lembra "patrão", aquele que banca. E quando alguém te banca, meu brother, você está sujeito às regras e imposições, caso contrário, você não se sustenta.

E nesta lógica do capitalismo esportivo, uniformes tradicionais perdem sua essência com cores cada vez mais exóticas e sem identidade, jogadores rodam por "trocentos" clubes, quando não saem ainda da base para outros países. Enfim, o mercado tomou conta da paixão. E como se não bastasse, os estádios, aos poucos, estão perdendo a essência dos seus nomes populares. Estádios? Ah, não! O mercado agora exige que os estádios, templos do futebol, sejam chamados de "arenas". Quando leio isso, fico imaginando um peão de boiadeiro caindo do cavalo dentro da área e pedindo pênalti.

E o que mais lamento é que nosso futebol contém nomes muito bonitos de estádios, coisa linda, quase que poética. As aves da nossa fauna foram homenageadas no Maracanã e Canindé, por exemplo. Estádios como "Noiva da colina", "Brinco de ouro da princesa" e "Moça bonita" são verdadeiras odes à figura feminina. Cidades, bairros e gentílicos são homenageados, tornando-os tradicionais: "Prudentão", "Pacaembu", "Morumbi", "Vila Belmiro", "Mineirão". A beleza da paisagem enaltecida em "Serra Dourada" , "Beira Rio" e "Ilha do retiro". Isso tudo fora os nomes avulsos, mas não menos bonitos como "Castelão", "Barão de Serra Negra", "Olímpico", "Santa Cruz", "Fonte Luminosa" e "Fonte Nova".

O Palmeiras e o Corinthians, por exemplo, sucumbiram ao mercado. O estádio do verdão, antes mesmo de se tornar "Allianz Parque", já era "Parque Antárctica", quando o nome "Palestra-Itália" soava bem mais bonito e autêntico. O Corinthians, por mais que tenha mudado o estádio do Parque São Jorge para o bairro Itaquera, poderia manter aquele lance tradicional de "Itaquerão". Convenhamos: Neo Química Arena é um nome extenso e chato pra caramba.

E ainda existe um caso mais mercadológico, que envolve mudança de nome do clube. O tradicional Bragantino, agora é Red Bull Bragantino, com direito a nome virando sobrenome e mudança na cor de uniforme.

Daqui a pouco, o mercado vai abocanhar de forma mais explícita outros assuntos, violando a essência de templos de outra natureza: Não se surpreenda, se daqui uma década, alguém dizer que vai assistir a um culto na "Arena Malafaia"...

* O Eldoradense