Dicionário
Sexta-feira. Parecia um dia comum, mas para a Mariana não seria. Ela era a filha mais nova de um casal já idoso, residente no interior do estado. Estava agitada e com tamanha cautela organizava a casa para mais tarde receber o namorado. Os seus pais, enfim, terão a oportunidade de conhecer o rapaz que tanto encantou a filha.
- Ele bebe café? (Perguntou o Sr. José, pai da moça).
- Sim. Porém, penso em servir um suco. Acho que lhe fará melhor gosto.
O pai, já meio contrariado, retrucou dizendo que não há nada melhor que o café para bater um dedo de prosa. Enquanto isso, a Sra. Ana (mãe da moça) arrumava alguns livros na estante da sala que, de alguma forma, enfeitavam o ambiente. Foi então que ela disse ao marido:
- Eu faço um cafezinho pra você, homi!
Ouviu-se apenas um sorriso de aprovação do Sr. José, seguido de um agradecimento simples e doce:
- Ah, obrigado! Você sabe como deixar bem o seu velho!
Os preparativos para a visita continuaram. O tempo logo passou e a noite, enfim, se apresentou. A batida no portão fez a Mariana adiantar os passos para ir de encontro àquele que ama. Cumprimentou-lhe com um abraço e convidou para ir à pequena sala de sua casa, onde estavam os seus pais. Sobre a mesa já havia alguns biscoitos, uma jarra com suco de laranja e uma garrafa com café.
- Então, o seu nome é Júlio César? (Questionou o Sr. José na tentativa de firmar uma conversa).
O rapaz demonstrou simpatia e espontaneidade, quando se esforçou para estender a conversa.
- Sim, esse é o meu nome. E venho aqui hoje em busca do beneplácito dos senhores frente ao meu galanteio com a Mariana. Espero que este relacionamento seja perene e afincado.
Os pais de Mariana olhavam entre si de um jeito confuso e perdido, até o Sr. José levantar. Logo, o namorado de sua filha o pergunta:
- Vai pegar um café?
E, de imediato, uma resposta inesperada é ouvida:
- Vou pegar um dicionário!