A espera
De repente os seus olhos abertos me vigiavam devagar. A claridade invadia o quarto e a escuridão da noite se perdia. As suas mãos me ajeitavam o cabelo, ainda bagunçado, e com delicadeza acariciava o meu rosto. Não havia palavras, apenas um vislumbre doce me fitando, enquanto um sorriso se revelava com timidez. Acendi a luz da cabeceira e levantei da cama. Preparei um café para nós dois e notei que se espreguiçava me observando.
- Levante, meu bem! Toma café comigo.
Ele pegou o celular ao lado do travesseiro, fez uma expressão de espanto e saiu da cama. Sem nenhuma fala, pegou a xícara, preparou sua bebida e engoliu com pressa.
- Está delicioso o café, mas preciso ir.
- Atrasado para o trabalho? Retruquei de imediato.
Sem prestar atenção à pergunta feita, simplesmente balançou a cabeça em sinal de positivo e seguiu sua viagem. Depois disso, a risada não me fugiu dos lábios e um samba gostoso fazia batuque em meu coração. Era isso. Sim, era isso que eu queria para a minha vida. E, assim, o peito se vestia de esperança para começar uma história bonita de cuidado, parceria e amor.
Ouvia os ponteiros do relógio e já aguardava a volta daquele que tanto me fez sentir viva e feliz. O entardecer trazia a vontade de descansar em seu peito outra vez e sussurrar as palavras mais suaves. Porém, as horas passaram, a madrugada se foi e você não retornou para os meus braços.
Ao amanhecer, tão triste com essa ausência, liguei algumas vezes em seu número. Infelizmente, todas as chamadas se perderam na caixa de mensagem. Será que algo sério lhe aconteceu? Aguardei dias, muitas vezes sentada lhe esperando para dividir o café, a cama e a vida comigo. Você não veio. Não despediu. Apenas chegou me apresentando um sonho bom, para depois partir sem qualquer anúncio.