Andorinha que anda só
Cadê você, a de ontem...
Que usava de todas as suas virtudes e defeitos para fazer algo de verdade acontecer.
Cadê aquele ímpeto destemido? Aquela vontade, mesmo cega, de dizer ao mundo o que a vida tem lhe ofertado, com as tuas palavras ditas de alma ou coração?
Cadê aquele sorriso espontâneo? Onde está a sua lente cor de rosa? Pra não ver toda leviandade onde também tem coragem?
Cadê minha amiga... Aquela mulher tão vaidosa, de dentro pra fora? Onde está a alegria de acreditar nas pessoas?
Pra onde foi o viço único, só teu e que por engano você achou que ninguém podia lhe tirar?
Eu sei que você conheceu outras verdades, até melhores para você seguir um caminho mais digno. Mas até agora o pouco que tem, te faz desistir de achar mais coragem.
Te faz ignorar a sua força e se entrega a tristeza. Uma profunda e impiedosa tristeza.
Cadê a mulher que lutava pelos seus ideais morais? Em nome de todas as mulheres? Você permitiu parar?
Eu sei que não foi você, no fundo eu sei que foram as dores angustiantes de ser uma andorinha tão cansada.
Cadê a inteligência de se sentir capaz? Porque só a ignorância te distrai?
Onde está aquela mulher linda, autêntica, educada com as verdades dos outros, sem modéstia para dizer a que veio?
Essa mulher está sozinha. Mas está onde deveria estar? Ou fez de todas as suas emoções um balde para se afogar?
É tanta lágrima doída. É tanto pensamento suicida. É tanta falta de entendimento. É tanto julgamento tatuado na sua testa. E no peito o vazio - Um buraco negro, que reage a tudo como energia desperdiçada.
Cadê você, Gilvania?