A SALVAÇÃO DOS CRÁPULAS
Nunca ouvi ninguém se referindo a alguém falecido dizendo que foi um crápula, safado, picareta ou outros adjetivos nesta linha. Sempre se diz que foi uma pessoa boa, sensível, de caráter sem rebarbas e de conduta exemplar. Então concluo que a morte dá salvo-conduto para transformar quaisquer pústulas em santo. E como todos nós, até segunda ordem, vamos morrer um dia, concluo que temos bilhões de santos em formação espalhados pelos quatro canto do planeta, só aguardando baterem as botas para receberem a auréola e vagarem pela eternidade como se nunca tivessem aprontado, ferrado alguém ou praticado algum ato que não fosse digno de aplausos em pé. Sorte nossa.