E se ELE NÃO tiver sido o Suficiente?
Em toda a história da humanidade, inteligência e probidade sempre foram atributos indispensáveis para quem pretendeu servir ao povo, nunca aos que quiseram manipulá-lo.
Claudio Chaves
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PRA MUITA gente, certamente líderes como Luís XIV, Napoleão Bonaparte, Maria I (da Inglaterra), Josef Stalin, Benito Mussolini, Adolf Hitler e os antigos faraós, pra acumular tanto poder, comandar tantas atrocidades e ainda ter apoio popular, deviam ser, no mínimo, pessoas bastante inteligente ou consubstancialmente probas.
NEM UMA coisa nem outra.
EM TODA a história da humanidade, inteligência e probidade sempre foram atributos indispensáveis para quem pretendeu servir ao povo, nunca aos que quiseram manipulá-lo. A estes últimos, ilimitável ambição, absoluto despudor, pusilanimidade, disposição constante para parvoíces, veneração por bajular e ser bajulado e nenhum constrangimento para mentir, dissimular, trair e enganar são “qualidades” suficientes para atingir seus desideratos.
“AO LONGO da década de 1920, Adolf Hitler era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Ele era conhecido principalmente por seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas, feministas, gays, elites, imigrantes, a mídia e a Liga das Nações, precursora das Nações Unidas. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler, a nova força política dominante no país. Em janeiro de 1933, ele tornou-se chefe do governo. Por que tantos alemães instruídos votaram em um patético bufão que levou o país [e o mundo] ao abismo?”1
AS SEMELHANÇAS entre a Alemanha nacionalista (nazista) e o Brasil patriota não passam de coincidências?!
RESSALTE-SE que, como informa a mesma fonte supracitada, a Alemanha de Hitler, o “charlatão fascista”, já era, à época, “um dos melhores sistemas de educação pública e o país com o maior número de doutores no mundo”, o que demonstra que a preferência do povo por esse tipo de excrescência não é uma questão primordialmente de ignorância.
A EXATO um ano da eleição presidencial no Brasil, institutos de pesquisas, analistas, militantes políticos e setores da Imprensa dão por certa a derrota do candidato que representa – e faz questão de explicitar – o perfil do beócio estúpido e despretensioso.
EVIDENTEMENTE não quero ser “o do contra”; mas, se tivesse cabedal acadêmico e/ou empírico pra tanto, aos mais empolgados, recomendaria observarem ao menos três aspectos conjunturais: 1) ao longo do mandato, seu eleitorado permanece invariável (em média 30% do total) – até porque o voto nele não foi inconsciente; 2) quem, desde sempre, foi o diferencial no processo eleitoral brasileiro (militares e aristocracia econômica, hoje, os financistas) não tem ideologia nem partido, sua ideologia e partido é o lucro, a vantagem econômica – estes vão pro lado que fizer o melhor aceno, e não vão sozinhos, a plebe, em regra, os acompanha; e 3) (e talvez o mais relevante) embora tudo pareça girar em torno de uma pessoa, isso não passa de diversionismo; não se trata de uma pessoa, mas de uma ideia, um projeto de sociedade; e ideias não morrem, quem sai de cena são as pessoas que as personificam; as ideias podem arrefecer, mas quando revisitadas, sempre despertam extremos. No caso do nazismo, por exemplo, seu símbolo maior, Hitler, morreu, mas o projeto permanece tão vivo quanto quando foi originado. Por que será [em termos de perenidade] diferente no Brasil?
OS ALEMÃES do século XX tinham experiência suficiente, pois haviam acabado de sair (arrasados e humilhados) de uma guerra – razão mais do que bastante para repensarem se valeria a pena investir em “ativos” sociais como o discurso de ódio (homofobia, xenofobia, racismo, misoginia...) e líderes populistas com mensagem salvacionista, ultraconservadorismo, ultranacionalismo, anticientificismo, unilateralismo... Porém, está mais do que comprovado que eles não pensaram assim.
A SITUAÇÃO do Brasil é, de longe, e em todos os aspectos, a pior desde a fundação da República. E isso se deve especialmente ao projeto posto em curso pelo atual Presidente.
MAS se os “os patrocinadores” – verdadeiros donos – do projeto ainda quiserem mais? E se, para estes patrocinadores, ELE NÃO tiver sido o suficiente?
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1 https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/06/opinion/1538852257_174248.html