Educação... Da glória ao caos
Acabo de receber uma antologia poética intitulada “Com a palavra os professores do Brasil”.
E num momento critico como os que estamos vivendo, me emocionam ao ler no prefácio, “Todas as palavras e todos os aplausos serão poucos para homenagear nossos professores, nossos grandes mestres de todas as letras, personagens inesquecíveis de nossas vidas...”
Já houve o tempo de glória dos professores, tempo este que ser professor era aguardar o renovar de cada ano, era entender que por trás da mão que segura o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa e essa criança que pensa quando respeitada e valorizada adquire autonomia e confiança aprendendo a desenvolver o sentimento de autovalorização estando assim pronta para enfrentar as dificuldades.
Sempre que pensamos num mundo melhor, acreditamos que vamos colher os frutos cujas sementes plantamos ao longo da vida.
Por vezes nos deparamos com situações que melhor seria desaprendermos, ou seja: que o dinheiro é fundamental, que um grande posto na carreira significa sucesso e que mudar a forma de pensar é crucial. Para tais situações o pensar não basta, requerem uma ação verdadeira. Uma mudança efetiva.
Infelizmente a situação mudou, mas para muito pior...
Hoje, temos como ferramenta de trabalho, salas frias, professores distantes, ensino obrigatório de projetos feitos de acordo com as regras e normas dos PCNs.
Mas e quando é que alguém vai avisar aos professores "projetistas" que só o amor salvará nossas crianças?
De que adianta mantermos escolas equipadas se não temos nela o essencial que é o calor humano?
Nossas crianças saem de favelas, ruelas, vielas, sem roupas, sem alimentos, sem carinho, sem amor e chegam nas "escolas equipadas" e não sabem o que fazer!
Certos professores, e diretores também, jamais se aproximam de alunos sujinhos, jamais permitem que essas crianças lhes toquem, pois "tem muito medo de pegar piolho". Colocam essas crianças dentro da sala de aula, mandam-lhes a primeira cópia do dia e já tem na ponta da língua o repertório de adjetivos usados para dominar a famigerada indisciplina das feras indomadas, marginais mirins, antas da cidade etc, etc. Não gosto nem de pensar...
O que precisamos fazer por nossas crianças é dar-lhes segurança e fazê-los entender que mesmo no mundo deles existem formas de se ver um mundo melhor, que tudo nesta vida pode ser transformado. Basta querer.
Ao invés de sermos professores robôs, meros seres de lata, temos que ser criativos e tirar da Terra a semente que Deus nos deu. O amor.
Se tivermos amor por aquilo que fazemos, teremos a certeza, um dia, do dever cumprido e teremos dado a nossa parcela de contribuição para salvarmos as crianças desse nosso imenso Brasil.
O respeito pelos outros nasce do respeito por si mesmo.
Construir é possível, respeitar é um dever...
Cidadania é uma atitude muito requisitada hoje em dia, mas possível apenas para poucos.
Para um povo sem memória, é muito difícil construir um futuro e mais difícil ainda é compreender o presente. Sem memória e sem cultura, a experiência humana torna-se pobre e amarga, deixando cada vez mais para trás a tão sonhada cidadania.
Algumas pessoas definem cultura como um modo de ser, de fazer e de pensar. Para outras, cultura significa ter contato com artes, universidades, informações que a própria sociedade onde vivem lhes proporciona.
Eu vivo dizendo que a escola pública tem jeito. E digo isto com convicção, pois acredito que cada vitória é uma conquista e que a esperança move a vontade de continuar.
É certo que a estrada da educação e do saber é tortuosa e quanto mais o tempo passa mais pedras aparecem no caminho.
Mas meu combustível é a esperança, portanto continuo a caminhada.
E é por pensar assim que agradeço a Deus todos os dias por ter-me tornado uma professora de pequeninos que sei serão o futuro do meu país...
Obrigado Senhor,
Pelo dom que me concedeu de ensinar
Pela graça de aprender
Pela força de amar
Obrigado Senhor,
Pela sabedoria que posso transmitir
Pelas almas cegas que posso iluminar
Pelos confinados que posso libertar
Pela mão que segura o lápis que eu posso conduzir
Obrigado Senhor,
Por me permitir a batalha diária
Pela vitória de cada dia
E por cada pequenino que cruza o meu caminho
Obrigado Senhor,
Por me permitir pregar a Esperança
E por ser eu a ponte
A levar cada criança
Ao caminho do Saber
Obrigado Senhor,
Pelos grandes desafios
Pelos objetivos alcançados
E pelos horizontes desbravados.
Amém